segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Imprensa cúmplice da barbárie de Rio Alto ataca LCP
Imprensa cúmplice da barbárie de Rio Alto ataca LCP
Escrito por LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Sáb, 19 de Dezembro de 2009
No dia 17 de dezembro o sítio de notícias "Tudo Rondônia" publicou uma nota intitulada "Sem credibilidade e sem espaço, LCP ataca imprensa". Em meio a acontecimentos gravíssimos no Acampamento Rio Alto, em Buritis, inclusive com a tortura e assassinato de dois camponeses e coordenadores da LCP, esta nota vem dar mais uma prova do comprometimento que a maioria da imprensa de Rondônia tem com o latifúndio assassino.
O Tudo Rondônia começa falando que a LCP perdeu a credibilidade com a imprensa devido a uma falsa denúncia de massacre de 15 camponeses no início de 2008. Então vamos aos fatos, pois contra fatos não há argumentos.
A verdade sobre os acontecimentos em Campo Novo
O fato, que denunciamos amplamente à época, foi no acampamento Conquista da União, localizado no município Campo Novo, numa área de terras públicas da União griladas pelo latifundiário Catâneo, famoso em Rondônia por crimes de pistolagem, trabalho escravo e execuções.
Cerca de 30 pistoleiros da família Catâneo, fortemente armados, com coletes à prova de balas, coturnos e capuzes pretos atacaram o acampamento na manhã do dia 09 de abril. Eles já chegaram atirando e 300 camponeses, homens, mulheres, crianças e idosos, saíram correndo só com a roupa do corpo. Depois os pistoleiros destruíram o acampamento e todos os pertences, documentos e mantimentos das famílias.
A notícia do massacre de 15 acampados chegou por telefone à sede da LCP por companheiros que presenciaram o ataque e imediatamente começamos a reproduzir as denúncias a todos nossos contatos. Mais que ninguém, nós conhecemos na própria carne a fúria do latifúndio assassino no estado e a denúncia é uma de nossas defesas. Os camponeses que se espalharam, aos poucos foram se reunindo em Buritis e no acampamento destruído, mas vários ficaram desaparecidos por horas. Inclusive um homem passou 12 horas dentro de uma lagoa próxima ao acampamento esperando a noite para não ser visto e atacado pelos pistoleiros.
No dia seguinte, o Padre Afonso, representante da CPT - Comissão Pastoral da Terra foi até o acampamento acompanhado de um representante da Ouvidoria Agrária e de policiais e puderam comprovar o ataque violento de pistoleiros.
Foi só neste momento, 30 horas depois do ataque, que a polícia apareceu no local. E a única providência que tomaram foi apreender cerca de 20 motos dos camponeses que ficaram no acampamento! Em nota, após sua visita, Padre Afonso declarou que as autoridades policiais só se preocupam em reprimir os camponeses e nem mencionam os pistoleiros armados dos latifundiários.
Não somos nós que estamos "acusando pessoas". O próprio genro do Catâneo Edson Luis Liutti assumiu para uma comissão da CPT e Ouvidoria Agrária e diante da polícia ambiental que seus pistoleiros despejaram as famílias. Ele também deu declarações na imprensa (inclusive divulgadas pelo Tudo Rondônia, afinal, eles consideram estes tipos como fontes de grande credibilidade) insinuando que ele tiraria as famílias à força. Apesar dito, nada foi feito contra ele até hoje, como sempre.
Só depois que todos os desaparecidos foram encontrados é que esclareceu-se que não havia mortos. Agora para o Tudo Rondônia esta informação desencontrada foi tudo o que existiu, nenhuma palavra sobre o ataque violento de pistoleiros contra famílias indefesas.
NENHUMA PALAVRA sobre o trabalhador Edson Dutra Barros, assassinado dias depois (29 de abril de 2008) por pistoleiros do Catâneo que atacaram camponeses num caminhão, quando iam para o acampamento que estava sendo reorganizado. Edson dirigia o caminhão. (em anexo seguem fotos dos fatos)
O silêncio cúmplice sobre as barbaridades de Rio Alto
Tudo Rondônia, que se diz um veículo tão respeitado e imparcial, também não escreveu UMA LINHA sequer sobre as torturas e assassinatos de Élcio Machado e Gilson Gonçalves por pistoleiros a mando do latifundiário Dilson Cadalto no último dia 08. Não publicou as fotos dos corpos de Élcio e Gilson trucidados.
Suas unhas arrancadas com alicate, as tiras de couro tiradas de suas costas, seus dentes quebrados, o tiro no braço, a orelha cortada e os tiros de espingarda calibre 12 nas nucas de Élcio e Gilson para o Tudo Rondônia é "denúncia sem credibilidade"!
Tudo Rondônia não noticiou que, apenas uma semana depois do martírio de Élcio e Gilson, 12 camponeses foram detidos numa grande operação repressiva da Polícia Federal, Polícia Civil e COE (PM) no acampamento Rio Alto. Camponeses denunciaram que durante o trajeto para delegacia de Buritis, policiais ameaçaram jogá-los no rio Jamari e fazer com eles o que foi feito com Élcio e Gilson.
Mas o silêncio cúmplice não é exclusividade do Tudo Rondônia. Até agora, apenas dois blogs inexpressivos reproduziram nossas notas sobre a barbárie de Rio Alto. Há muito tempo não víamos um bloqueio da imprensa marrom de Rondônia às denúncias de crimes do latifúndio tão orquestrado como agora.
A verdade incomoda os mentirosos
A gota d'água que motivou a nota raivosa do Tudo Rondônia foi uma charge do grande desenhista Carlos Latuff denunciando a imprensa marrom de Rondônia no caso Rio Alto. Afinal a verdade incomoda aqueles que são especialistas em camuflar a realidade para beneficiar quem os financia: latifundiários, grandes empresários e políticos corruptos.
Ao contrário do que dizem na nota, a LCP nunca contou com credibilidade e espaço no monopólio da mídia de Rondônia e de lugar nenhum. Nas páginas de suas revistas e jornais, nas telas da internet e da TV nós e todos movimentos combativos somos mostrados como terroristas, traficantes de drogas e de madeiras, assassinos, guerrilheiros.
E não contamos mesmo com o monopólio da imprensa. Contamos com os muros nas cidades, com alguns radialistas e jornalistas honestos, com jornais escritos e na internet sérios e independentes. Contamos com pessoas e entidades democráticas nos quatro cantos do Brasil e do mundo que nos conhecem, compartilham de nossos ideais e nos ajudam a divulgar a realidade da luta pela terra no país.
Mais do mesmo
Na nota, o Tudo Rondônia ainda nos "acusa": "E as denúncias da LCP quase sempre envolvem acusações contra empresas e pessoas. São acusações de crime de pistolagem, grilagem de terras, atentados, massacres de camponeses...". Onde os editores do Tudo Rondônia vivem? Afinal, o latifúndio em Rondônia não cometem "crime de pistolagem, grilagem de terras, atentados, massacres de camponeses"? Essa é boa: os ilustres latifundiários cometem seus crimes e nós é que somos condenados por denunciar! Não nos espanta, esta é a lógica do monopólio de comunicação: inverter a realidade.
Mais uma mentira da nota: que a LCP não tem endereço fixo! E o que seria então aquela sede no centro de Jaru?
E por fim, na nota o ataque de sempre ao nosso anonimato e ao fato de não sermos uma entidade jurídica. Historicamente, estes são meios de defesa de movimentos sociais combativos. Mas não somos um movimento clandestino. Longe disto. Basta andar pelas áreas que organizamos e influenciamos, participar de nossos Congressos massivos, de nossos atos públicos e manifestações, visitar nossa sede...
Mas não vamos cair nas armadilhas da legalidade deste velho Estado, não vamos mostrar os rostos, nem dar os nomes e documentos de nossos coordenadores para a imprensa e órgãos do estado, dedos-duros históricos, que nos entregam aos latifundiários e seus pistoleiros assassinos. Não foi isto o que o Incra e a Ouvidoria Agrária Nacional fez com o companheiro Élcio? O latifundiário Dilson Cadalto e seu bando armado sabiam que ele era um dos coordenadores, mas não conheciam seu rosto. Ficaram conhecendo na reunião na sede do Incra em Porto Velho no último dia 03.
Romper o bloqueio
Aproveitamos esta nota de resposta aos ataques do Tudo Rondônia para conclamarmos a nossos apoiadores, a pessoas e entidades democráticas a nos ajudarem a furar o bloqueio da imprensa marrom de Rondônia. Temos que pressionar de todas as formas os políticos a tomarem uma providência.
Os crimes em Rio Alto são graves demais, as mãos de Dilson Cadalto, seus pistoleiros, Gercino José e Márcia estão sujas com o sangue de mais dois jovens camponeses. As pessoas têm que ficar sabendo e eles têm que pagar por isto!
O povo quer terra, não repressão!
Morte ao latifúndio! Viva a Revolução Agrária!
LCP - Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
Jaru, 18 de dezembro de 2009
Fonte: http://www.resistenciacamponesa.com
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