segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dubai pede prisão de espião-chefe do Mossad - 19.02.2010


Dubai pede prisão de espião-chefe do Mossad

Serviço secreto israelense estaria por trás da morte de líder do Hamas

O chefe da polícia de Dubai, general Dahi Jalfan Tamin, pediu ontem que a Interpol emita uma ordem internacional de captura contra o chefe do Mossad, serviço secreto de Israel no exterior, Meir Dagá, pelo assassinato de Mahmoud Abdel al-Mabhouh, um dos líderes do braço armado do Hamas, cujo corpo foi encontrado no dia 20, num hotel de Dubai.

"Se o chefe do Mossad está envolvido (no assassinato), pedirei que ele seja incluído na lista de pessoas procuradas" pela Interpol, disse Tamin em entrevista a uma rádio local.

Ontem, a Interpol emitiu ordem de captura contra 11 pessoas supostamente envolvidas no assassinato. Três usavam passaporte irlandês; seis, britânico; um, francês; e um, alemão. Tamin disse que o grupo pertence ao Mossad. Mas a identidade real dos assassinos ainda é uma incógnita.

Os governos da Grã-Bretanha e da França pediram explicações oficiais aos embaixadores de Israel nos dois países sobre o uso dos passaportes britânicos e franceses na operação. Paris e Londres dizem que os passaportes seriam falsos, mas se refeririam a identidades reais. Entre eles, estaria o documento do francês Peter Elvinger, cujo nome teria sido usado na ação por um agente responsável pela logística da operação.

"O encarregado de Assuntos de Estado de Israel na França foi recebido no Ministério das Relações Exteriores da França. A ele foram pedidas explicações sobre a utilização de um passaporte francês, durante uma operação recente de assassinato de um dirigente do Hamas em um hotel de Dubai", confirmou em Paris a porta-voz Celine Musikas-Opimbi, sem revelar a resposta israelense. "O ministério expressou a profunda preocupação da França quanto à utilização mal-intencionada e fraudulenta de documentos oficiais franceses."

Em Londres, o embaixador israelense também foi convocado a dar explicações. Ron Prosor afirmou "não estar em condições de aportar informações complementares" sobre o tema. David Miliband, ministro das Relações Exteriores, afirmou que espera a colaboração plena de Israel com a investigação e reforçou que cobrará pessoalmente explicações sobre a operação na segunda-feira, em Bruxelas, quando se encontrará com o chanceler israelense, Avigdor Lieberman.

Também em Dublin, na Irlanda, autoridades israelenses foram convocadas a dar explicações sobre as suspeitas.

Apesar da reação severa dos governos europeus, a policia de Dubai duvida que os passaportes utilizados na ação - que permitiram o ingresso dos agentes no país - sejam falsificados, uma suspeita que levanta dúvidas sobre a colaboração em algum nível de parte dos governos do Ocidente.

Em entrevista ao jornal The National, de Dubai, Tamin foi direto sobre a originalidade dos documentos: "Os funcionários do serviço de imigração são treinados por especialistas de segurança europeus para detectar os passaportes falsos."

Tamin disse que já não tem nenhuma dúvida sobre o envolvimento israelense no assassinato de Al-Mabhouh. "Com 99% de certeza, senão com 100%, o Mossad está por trás do crime."

OPERAÇÕES ISRAELENSES
Noruega: Após a morte de 11 atletas israelenses na Olimpíada de Munique em 1972, Israel tenta assassinar os chefes do movimento palestino Setembro Negro, responsável pelo atentado. Em julho de 1973, agentes do Mossad matam por engano Ahmed Bushuki, um garçom de origem marroquina na Noruega, ao confundi-lo com um dos integrantes do grupo

Chipre: Em abril de 1991, um policial do Chipre prende quatro agentes do Mossad que queriam colocar escutas na Embaixada do Irã em Nicósia. Chipre e Israel solucionam a questão pela diplomacia

Jordânia: Dois agentes israelenses são descobertos em setembro de 1997 na Jordânia quando tentavam assassinar o chefe do braço político do Hamas, Khaled Meshaal, aplicando veneno

Nova Zelândia: Em março de 2004, agentes do Mossad são presos pela polícia quando tentavam retirar um passaporte feito com documentos falsos. O caso faz com que o país suspenda seus contatos mais próximos com Israel

Fonte: Estadão

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