quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O “medo da dívida” da Regina Duarte, ops, do Estadão…


O “medo da dívida” da Regina Duarte, ops, do Estadão…
Do Luís Nassif Online

Por Jotavê
Manchete do Estadão: “Endividamento dos brasileiros bate redorde e chega aos R$ 555 bilhões”. No pé da página, um caso particular que ganha ares de caso típico: “Diarista se enrola com contas que não fecham”. O pano de fundo é a crise de inadimplência no mercado imobiliário norte-americano. A pergunta que paira no ar: “Não estaríamos na rota de um desastre?” A solução que também parece estar pairando no mesmo ar, só que um pouco mais ao fundo, em meio à bruma: “Não seria o caso de elevarmos as taxas de juros?”

Aí, o leigo (eu) vai ler a matéria para ver do que se trata. Em média, o brasileiro está com uma dívida equivalente a cinco meses de rendimentos. O leigo não entende nada disso, e começa a fazer algumas ponderações simples, enquanto lê a matéria. “Bom, depende do TIPO de dívida… Cinco meses de salário financiados em vinte anos é uma coisa. Os mesmos cinco meses no cheque especial significam a bancarrota.”

O dado fundamental é o comprometimento da renda mensal. Claro. E, de fato, DO MEIO PARA O FIM da reportagem, ficamos sabendo que esse comprometimento está CAINDO. Subiu muito de 2002 a 2006 (expansão do crédito durante o governo Lula, eu suponho), e depois começou a cair de forma consistente. ESTÁ CAINDO neste exato momento. Por que, então, escolher esse tom para a manchete? Por que dar destaque ao caso de uma dona de casa pobre que não consegue pagar suas dívidas? Afinal de contas, um comprometimento médio de 15% no pagamento de dívidas é preocupante, ou não? O bom senso me diz que é absolutamente RAZOÁVEL, ainda mais quando sabemos que o índice está em QUEDA. (Corrijam-me, por obséquio, os bam-bam-bãns de plantão se as coisas não forem assim tão simples.)

Uma continha rápida me indica que dona Amédia (uma brasileira típica) tem dívidas equivalentes a cinco salários, mas está empenhando apenas 15% de sua renda mensal no pagamento das dívidas. Ou eu muito me engano, ou dona Amédia (i) não tem com que se preocupar, (ii) tem financiamentos de médio e longo prazo e (iii) irá pagar suas dívidas pontualmente, caso não perca o emprego. Por que não entrevistar a dona Amédia, então? Por que eleger a dona Núbia, diarista atolada em dívidas? Tem alguma coisa estranha nessa história.

Retirado: http://www.estadoanarquista.org/blog/

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