O MPL realiza mais uma ação contra o aumento da tarifa, no aniversário de São Paulo. Por Passa Palavra
O 457º aniversário de São Paulo foi marcado por ações do MPL (Movimento Passe Livre) contra o aumento da tarifa de ônibus e a favor da mobilidade e do acesso da população à cidade.
Militantes no Viaduto do Chá, em cima do Vale do AnhangabaúA ação começou no Vale do Anhangabaú, quando os manifestantes estenderam faixas ao lado e acima do palco preparado para comemoração do aniversário da cidade. A população que estava lá para assistir o show organizado pela prefeitura, confrontada com a mensagem, chegou a cantar sua insatisfação com a situação do transporte: “Kassab, ladrão, abaixa o busão!”.
De lá, os cerca de 13 manifestantes foram para a Biblioteca Mário de Andrade, a segunda maior do país, para a cerimônia de reabertura após a reforma que durou três anos. A polêmica reforma foi encerrada com problemas de acessibilidade e alteração no projeto do arquiteto responsável com a colocação de grades ao redor da Praça Dom José Gaspar, em frente à Biblioteca, sinal da política vigente de gentrificação que visa distanciar a população de rua dos espaços públicos. Segundo declaração do Secretário de Cultura do município, Ricardo Calil, sobre o isolamento da Praça Dom José Gaspar, “a cidade ainda não está preparada completamente” para eliminar as grades do local.
Faixa estendida na frente da biblioteca.O prefeito Kassab preferiu não entrar pela porta principal, onde concentravam-se os manifestantes do MPL. Ao estenderem seus cartazes no hall de entrada da Biblioteca, eles foram convidados pela Guarda Civil a se retirar, o que atenderam prontamente. Uma grande faixa permaneceu estendida na lateral da escada que dá acesso ao hall. O ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Dr. Eduardo Augusto Muylaert Antunes, tentou intimidar os manifestantes contestando a legalidade da presença dos mesmos ali para um protesto pacífico, sem sucesso. A faixa permaneceu estendida na entrada da Biblioteca e os demais manifestantes entraram para a cerimônia de abertura.
Desde o momento em que entraram, os seguranças acompanharam os manifestantes, mapeando-os. Quando o prefeito começou a falar, os militantes gritaram: “O aumento da tarifa aumenta a exclusão! Kassab, abaixa o busão!” e ergueram novamente os cartazes. Seguranças e funcionários foram agressivos com quem segurava cartazes. Um foi rasgado e o outro, tomado. No momento em que começaram a gritar, diversas pessoas que não acompanhavam o movimento apoiaram as idéias e defenderam os manifestantes da ação dos seguranças.
Cartaz sendo exibido dentro da bibliotecaMesmo após retirar seu cartaz, um manifestante que acompanhava o protesto continuou a ser empurrado por um funcionário do Centro Cultural da Juventude (CCJ) até ser retirado do ambiente em que acontecia a cerimônia. No hall, os seguranças o imobilizaram. O manifestante imobilizado foi conduzido, junto com o segurança que o agrediu e o funcionário do CCJ, para a 3ª DP. Ambos, manifestante e funcionário, prestaram queixa por agressão e foram liberados.
Um dos manifestantes que fotografava a ação foi perseguido pela polícia, que solicitava arbitrariamente que ele lhes entregasse o cartão de sua câmera, intimidação que tem se tornado comum pela polícia de São Paulo, sendo necessário esconder o cartão para levá-lo da Biblioteca.
O prefeito retirou-se sob vaias dos militantes que permaneciam no local.
Livre-adaptação do poema de Mario de AndradeO busto de Mário de Andrade, que ficava na Praça Dom José Gaspar antes da reforma, foi conduzido para o interior da Biblioteca nesta nova organização, deixando para a população que olha de fora da Biblioteca - como garotos de rua que expressavam o desejo de entrar hoje mas sentiam-se intimidados - a dúvida se ela realmente os pertence.
Como já anunciamos aqui no Passa Palavra, a luta contra o aumento continua nas ruas com um ato, dia 27/01, e uma bicicletada, dia 28/01.
Fotos: Douglas Belome
Fonte: http://passapalavra.info/
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