terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Missão africana não convence líder a deixar o poder na Costa do Marfim - por Efe

Missão africana não convence líder a deixar o poder na Costa do Marfim
Os presidentes do Benin, Cabo Verde e Serra Leoa, além do primeiro-ministro do Quênia, não conseguiram convencer o líder da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, a deixar o poder e cedê-lo pacificamente ao presidente eleito, Alassane Ouattara.

"Este é o resumo das reuniões de hoje dia: Gbagbo se negou a renunciar", disse à Agência Efe, sem dar mais explicações, uma fonte da Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), quem pediu anonimato.

A missão da Cedeao e da UA (União Africana) era considerada uma última tentativa de líderes internacionais para convencer Gbagbo e evitar uma guerra.

Mais cedo, a mesma fonte da Cedeao, um alto funcionário, havia dito que a delegação internacional ofereceria imunidade judicial ao líder marfinense, caso este aceitasse ceder a Presidência a Ouattara, reconhecido como vencedor do segundo turno das eleições presidenciais do país tanto pela Comissão Eleitoral quanto pela comunidade internacional.

"Há indícios que Gbagbo poderia aceitar uma renúncia, mas ele quer garantias de que não será processado por violações dos Direitos Humanos quando deixar o poder", disse nesta segunda-feira (03/01) à agência de notícias espanhola Efe uma fonte da Cedeao que pediu anonimato.

Além disso, Gbagbo quer manter suas contas no exterior que foram bloqueadas, pelo menos nos Estados Unidos e na União Europeia, e "que seus principais partidários tenham um lugar no novo Governo de Ouattara", acrescentou a fonte.

Os presidentes Yayi Boni, do Benin, Pedro Pires, de Cabo Verde, e Ernest Koroma, de Serra Leoa, já estiveram na terça-feira passada na Costa do Marfim e advertiram Gbagbo que a Cedeao poderia utilizar de Força militar caso ele não entregasse o poder a Ouattara.

A missão também tem apoio de Raila Odinga, primeiro-ministro queniano, como enviado da UA, que se reuniu no domingo em Abuja com o presidente nigeriano e titular de turno da Cedeao, Goodluck Jonathan, para coordenar suas posições.

Insistência
Ao término do encontro com Gbagbo, o presidente beninense declarou: "vamos retornar", dando a entender que as conversas serão mantidas, embora outras fontes, inclusive o líder de Serra Leoa, tinham dito que esta era a última visita.

Após se reunir com Gbagbo, a delegação africana se dirigiu ao Hotel Golfe de Abidjan, onde Ouattara e seu governo estabeleceram seu 'quartel-general'.

Nesta segunda-feira, Patrick Achi, porta-voz do governo de Ouattara, disse que a delegação africana deve somar todos os esforços para "convencer Laurent Gbagbo".

A Cedeao deverá agora decidir - possivelmente nesta terça-feira (04/01) - sobre o próximo passo a ser dado, depois de a missão a Abidjan ter anunciado Goodluck Jonathan como presidente rotativo do bloco africano.

Os chefes militares da região finalizaram os detalhes do plano sobre uma possível intervenção armada para destituir Gbagbo, durante uma reunião de dois dias realizada na semana passada em Abuja, declarou nesta segunda-feira à Efe o porta-voz da Comissão da Cedeao, Sunny Ugoh. "O plano (militar) está pronto, só falta ativá-lo", ressaltou.

Após o Ano Novo, Gbagbo insistiu em dizer que ele é o presidente e voltou a pedir à ONUCI (Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim) que saia do país, enquanto o Governo de Ouattara disse que o objetivo da Força é tirar Gbagbo da Presidência.

A Costa do Marfim enfrenta ao reatamento da guerra civil (2002-2007) que deixou o país dividido e controlado no sul pelas Forças Armadas e de segurança, leais a Gbagbo, e no norte pelas Forças Novas de Soro, que não se desarmaram após o conflito e respaldam a Ouattara.

O líder dos violentos Jovens Patriotas partidários de Gbagbo, Charles Blé Goudé, ameaçou a segurança na Costa do Marfim e insistiu em acabar com o Governo de Ouattara.

Se a ameaça se cumprir, a violência poderia atingir todo o país, onde os seguidores de Gbagbo, segundo denúncias da ONU e do governo de Ouattara, também teriam o apoio de milícias e mercenários liberianos para cometer assassinatos, sequestros e outras graves violações dos Direitos Humanos.
Fonte: Opera Mundi

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