quarta-feira, 27 de julho de 2011

Estado Assassino: Israel cogita revogar os Acordos de Oslo - por Barak Ravid - Haaretz

Israel cogita revogar os Acordos de Oslo
O gabinete do primeiro ministro confirmou que o Conselho Nacional de Segurança está discutindo alternativas com vistas a antecipar setembro, quando a Autoridade Palestina tentará obter o reconhecimento de um estado independente na Assembleia Geral da ONU. Uma resolução convocará as Nações Unidas para reconhecer um estado palestino com base nas fronteiras de 1967, como membro pleno da ONU. Um grupo liderado pelo conselheiro de Segurança Nacional, Ya’akov Amidror, está querendo revogar os Acordos de Oslo em resposta ao plano palestino.

Um grupo liderado pelo conselheiro de Segurança Nacional, Ya’akov Amidror, está querendo revogar os Acordos de Oslo em resposta ao plano unilateral da Autoridade Palestina de obter o reconhecimento de um estado independente.

O gabinete do primeiro ministro confirmou dia 24 de julho que o NSC [Conselho Nacional de Segurança, na sigla em inglês] estava discutindo várias alternativas antes de setembro, e as estaria apresentando, assim que elaboradas, aos representantes políticos para uma a tomada de uma decisão.

Membros do governo israelense confirmaram que discussões recentes lideradas por Amidror tinham mencionado a opção de invalidar os Acordos de Oslo. No entanto, esta não é considerada a principal alternativa, disseram. “É uma das opções que serão apresentadas aos representantes do governo”.

Enquanto isso, a Autoridade Palestina (AP) continua suas preparações para a Assembleia Geral da ONU em setembro. Os embaixadores que se encontraram em Istambul durante dois dias foram informados de que um encontro, assim que a versão final do esboço da resolução da ONU estiver pronta, teria lugar em Doha, no Qatar, com representantes da AP, do Qatar, do Egito e da Arábia Saudita, em 4 de agosto.

A resolução convocará as Nações Unidas para reconhecer um estado palestino com base nas fronteiras de 1967, como membro pleno da ONU.

Os diplomatas palestinos foram instruídos a lançarem uma campanha de relações públicas dentre as comunidades judaicas no exterior, numa tentativa de explicar a importância desse movimento.

Enquanto isso, Israel está trabalhando para agregar apoio de estados que se opõem ao movimento da ONU. E também está se preparando para “o dia seguinte”.

Um membro sênior do governo israelense disse que há três semanas o primeiro ministro Benjamin Netanyahu falou para Armidror que começasse a redigir um esboço dos planos para o dia seguinte, com outros organismos do governo. Isso inclui a recomendação de uma potencial resposta política israelense.

Evitando o Conselho de Segurança
Os representantes do governo acreditam que os palestinos vão adotar uma postura evasiva em relação ao Conselho de Segurança, a fim de evitar um potencial veto estadunidense. A proposta palestina tem uma expectativa de receber o apoio de mais de 140 membros da ONU.

Outro representante do alto escalão de Israel disse que Amidror deu início a discussões no CNS com ministros de relações exteriores, da defesa, de finanças, da indústria e do comércio, da justiça, assim como com o Gabinete de Planejamento das Forças de Defesa de Israel e com o advogado militar do Departamento de Direito Internacional.

O Conselho Nacional de Segurança pediu a vários gabinetes de governos que considerem as implicações para Israel em caso deste anunciar que considera os Acordos de Oslo nulos, dado o movimento unilateral dos palestinos, e se a Assembleia Geral aprovaria o movimento israelense.

Israel está preocupado com que os palestinos possam usar a resolução a Assembleia Geral para dar inicio a uma luta legal na Corte Internacional de Justiça em Haia, ou tentar alterar os acordos econômicos e de segurança obtidos ao longo dos últimos 18 anos.

Representantes do CNS disseram a vários governos e a organismos militares que Israel não iniciaria um movimento como esse, mas pode fazê-lo em resposta às ações palestinas. Os vários organismos foram solicitados para que apresentem suas perspectivas e opiniões legais e a oferecerem possíveis respostas. O assunto ainda não foi discutido pelos ministros.

“Netanyahu se opõe a ações como anexar assentamentos a Israel em resposta aos passos palestinos na ONU”, disse uma fonte militar israelense que tem familiaridade com as discussões. “Portanto, o CNS está avaliando outras possibilidades, sendo uma delas declarar nulos os Acordos de Oslo. Em todo caso, não há decisão, ainda”.

Os Acordos de Oslo entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina – OLP – foram celebrados entre 1993 e 1995, e compõem o marco legal para a relação entre Israel e a Autoridade Palestina, em matéria de segurança, economia e infraestrutura.

Abandonar os Acordos implicaria reexaminar questões-chave, principalmente o status da Autoridade Palestina na Cisjordânia.

O ministro relações exteriores Avigdor Lieberman tinha mencionado o abandono dos Acordos de Oslo num encontro com a Alta Representante da União Europeia Catherine Ashton, em 17 de junho.

Embora Lieberman apoie uma resposta como essa a um movimento unilateral por parte dos palestinos, membros do seu gabinete consideram esse tipo de ação “contra produtiva”.

Tradução: Katarina Peixoto
Fonte: Carta Maior

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