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Dos 835 menores palestinos detidos nos territórios sob ocupação israelense da Cisjordânia e de Jerusalém e acusados de ter jogado pedras, apenas um foi absolvido, explicou a B'Tselem.
Ao mesmo tempo, a organização destaca que a justiça incentiva essas crianças a se declarar culpadas, caso contrário acabam ficando longos períodos em detenção preventiva até o fim de seu processo.
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Dezenove menores denunciaram ter sofrido violências e ameaças durante o interrogatório. Oito afirmaram que foram impedidos de usar o banheiro e privados de alimentos e água durante horas.
De 2005 a 2010, 93% dessas crianças foram condenadas a penas de prisão de até 20 meses. Desses condenados, 19 tinham menos de 14 anos, apesar de a lei civil israelense proibir a prisão de menores dessa idade.
O porta-voz do exército rejeitou as críticas em um comunicado, afirmando que jogar pedras é "um delito, pois pode provocar ferimentos grave".
Israel prende crianças palestinas e as leva a tribunais militares, diz ONG (BBC-Brasil)
Um grupo de direitos humanos israelense criticou o governo de Israel por supostamente prender crianças palestinas acusadas de jogar pedras em militares.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, o grupo B'Tselem diz que cerca de 93% dos menores palestinos apreendidos na Cisjordânia foram julgados em tribunais militares e condenados a penas de até 20 meses.
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No entanto, os tribunais domésticos de Israel proíbem a detenção de qualquer criança menor de 14 anos.
Segundo o correspondente da BBC na Cisjordânia Jon Donnison, o Exército israelense disse em um comunicado que atirar pedras é uma "transgressão criminal séria" e que muitas crianças estavam sendo exploradas pelo que foram chamados de "grupos terroristas".
Prisão
Para o relatório, pesquisadores do B'TSelem entrevistaram 50 menores palestinos, que descreveram as suas apreensões, desde o momento em que foram pegos até o momento em que foram libertados.
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De acordo com o levantamento, somente uma das mais de 800 crianças, entre 12 e 17 anos, apreendidas entre 2005 e 2010, foi libertada sem cumprir tempo de prisão.
O grupo diz ainda que muitas crianças são pressionadas para se declarar culpadas, para que obtenham sentenças menores e não precisem aguardar o julgamento na cadeia.
Jovens que tinham até 14 anos no dia da sentença não eram presas por mais de dois meses, segundo o relatório. No entanto, 26% dos menores de 14 e 15 anos cumpriram pena de quatro meses ou mais e 59% dos jovens de 16 e 17 anos cumpriram penas a partir de quatro meses, de acordo com o levantamento.
"Todos os oficiais envolvidos com os casos de menores palestinos que atiram pedras - policiais, juízes e soldados que servem na Cisjordânia - estão perfeitamente cientes da realidade deste relatório", afirma a publicação.
"No entanto, o único pedido de mudança veio na forma de declarações de poucos juízes, e nenhuma ação foi tomada para pôr fim à infração dos direitos dos menores."
Os territórios palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e do leste de Jerusalém são ocupados por Israel desde 1967.
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