sexta-feira, 22 de julho de 2011

Gênova 2001-2011: 10 anos do assassinato de Carlo Giuliani - por ANA

Gênova 2001-2011: 10 anos do assassinato de Carlo Giuliani(Mortos são os policiais que o mataram e seus superiores, que, escondidos atrás de seus escudos e capacetes, tentam preencher suas vidas de morte diariamente. Os mortos são os indiferentes, aqueles que se conformam e não lutam. Para nós, só estão mortos os companheiros e companehiras que caem no esquecimento. Carlo vive!)

Gênova, 20 de julho de 2001, Piazza Alimonda - Carlo Giuliani foi morto por um policial, com um tiro na cabeça, nos protestos contra a cúpula do G8.

Carlo tinha 23 anos. Filho do conhecido sindicalista Giuliano Giuliani, havia herdado uma forte consciência política de seu pai, e esteve envolvido no movimento antiglobalização.

Naqueles dias acontecia em Gênova a cúpula do G8 que reuniu os oito países mais poderosos do mundo, para decidir o destino do mundo e de milhões de pessoas; neste contexto, o movimento antiglobalização organizou de 19 a 22 de julho massivos protestos em oposição à cúpula.

Durante esses dias, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas e aconteceram confrontos entre manifestantes e as centenas de policiais e soldados, armados até os dentes, que reprimiram os protestos a golpes de cassetete e gás lacrimogêneo.

Na contra-cúpula, os anarquistas e integrantes dos diferentes Black Block tentaram acessar a zona vermelha onde se reuniam os dirigentes mundiais, que eram protegidos por um exército de policiais. Em 20 de julho, dia da morte de Carlo, a repressão foi brutal, registraram-se centenas de detidos, feridos - a polícia disparou com armas de fogo pelo menos 18 vezes contra os manifestantes... e matou Carlo Giuliani.

Os acontecimentos se desenrolaram às 17h, na Piazza Alimonda. A companhia policial comandada pelo capitão Claudio Cappello (acusado de tortura durante a missão italiana na Somália) investiu duramente contra os manifestantes. Os manifestantes responderam jogando todos os tipos de objetos e pedras contra os Land Rover da polícia.

O veículo de Mario Placanica fica para trás e um grupo de manifestantes, em que Carlo está, tenta quebrar o vidro. O policial mata, com um tiro na cabeça, Carlo Giuliani. O Land Rover esmaga o corpo de Carlo por duas vezes, antes de deixar a cena do crime a toda velocidade. Vários manifestantes tentam socorrer Carlo, mas uma nova investida policial impede. O corpo do jovem permanece no chão por quase meia hora, sem receber os primeiros socorros e custodiado pela polícia. Nos primeiros minutos seu coração ainda batia.

Os líderes que estavam reunidos na cúpula continuam normalmente, no Palácio Ducal em Gênova; Silvio Berlusconi saúda os objetivos do conclave por a sua "alma humanitária" e "coração generoso", enquanto Carlo Giuliani, ativista antiglobalização, sangrava e morria em uma rua próxima. 10 anos depois, o policial que o assassinou foi liberado recentemente. Apesar de muitos vídeos e documentos disponíveis, de acordo com a Justiça, uma "pedra de origem desconhecida" causou sua morte.

Diversos atos o recordarão esses dias, tanto em Gênova como em outras cidades européias. Em Berlim uma manifestação aconteceu na área de Kreuzberg. Um Black Block composto por cerca de 1000 pessoas surgiu do nada, surpreendendo os policiais implantados, e tomando a área de Kreuzberg. Houve confrontos com a polícia.

Em sua cidade natal, ontem começou o “Gênova 2011”, para comemorar os motins de 2001 e a morte de Carlo por um mês. Na quarta-feira uma homenagem reuniu familiares e amigos no lugar do crime, a Piazza Alimonda, 10 anos após a morte do jovem.

Hoje, quinta-feira, uma marcha passará pela escola Diaz, em que foi instalado em 2001 o Fórum Social de Gênova, que foi invadido pela polícia durante os protestos.

No próximo sábado será realizado o ato principal, uma massiva marcha pelo centro de Gênova, que deverá envolver cerca de 10.000 pessoas.

Carlo vive!

agência de notícias anarquistas-ana
Num atalho da montanha
Sorrindo
uma violeta

Matsuo Bashô

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