Marinha israelense impede embarcação de chegar ao litoral de GazaJerusalém, 19 jul (EFE).- A Marinha de Israel abordou nesta terça-feira sem encontrar resistência o navio francês "Dignité-Al Karama", o único do comboio humanitário que conseguiu seguir em direção à Gaza, e o conduziu até o porto israelense de Ashdod.
A Marinha só atuou "depois que todos os canais diplomáticos fossem esgotados e as contínuas ligações para navio ignoradas", indicou um comunicado militar em que acrescentou que, ao negar-se a desviar para Ashdod, "foi necessário abordar o barco".
Os militares israelenses "tomaram todas as precauções necessárias e dessa vez evitaram causar ferimentos aos ativistas, além de garantir a segurança dos soldados", diz o comunicado, que explicou que após a abordagem foi verificado o estado de saúde dos passageiros e oferecido a eles comida e bebida.
A Polícia israelense vai interrogar todos os ativistas, jornalistas e a tripulação, que atualmente estão sob a custódia do Ministério do Interior e a Autoridade de Imigração.
O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense, Yigal Palmor, disse à Agência Efe que os dez ativistas e os três membros da tripulação do navio serão deportados aos países de origem "o mais rápido possível", dependendo das possibilidades dos respectivos voos.
Mas explicou que todos eles têm, no entanto, direito de solicitar diante de um juiz a permanência no país e, se optarem por essa opção, será o magistrado que vai decidir no prazo máximo de três dias se são deportados ou não.
Além dos dez ativistas - a maioria deles franceses, mais um canadense e um sueco -, segundo as próprias declarações, no navio viajavam três jornalistas: um do jornal israelense "Ha'aretz" - que não pode ser deportado - e dois da rede de televisão catariana "Al Jazeera".
O destino dos profissionais da rede de TV pan-árabe dependerá de sua nacionalidade, indicou o porta-voz.
"O bloqueio foi imposto de acordo com o direito internacional e tentar rompê-lo é uma infração, é um ato ilegal e, por isso, o navio foi abordado", afirmou.
A ordem de tomar a embarcação foi dada diretamente pelo chefe do Estado-Maior israelense, o general Benny Gantz, depois que a tripulação do "Dignité-Al Karama" rejeitasse alterar o rumo em direção à faixa palestina, segundo a versão digital do jornal israelense "Ha'aretz", que tem um jornalista na embarcação.
Navios da Marinha israelense começaram a acompanhar de perto a embarcação, de 19 metros de comprimento, quando a mesma estava a várias milhas náuticas do litoral de Gaza e exigiram que identificasse seu destino final e informasse sobre a presença de armas a bordo, conforme gravações de vídeo divulgadas pelo Exército israelense.
Um dos ativistas respondeu que o porto de destino era Gaza e que não havia nenhum tipo de armas a bordo.
O porta-voz militar não respondeu à pergunta da Efe sobre se a intercepção ocorreu em águas internacionais ou nas águas territoriais de Gaza, onde em teoria é aplicável o bloqueio marítimo imposto por Israel à faixa desde 2006.
"O Dignité foi abordado de forma ilegal em águas internacionais, quando estava a 40 milhas de distância do litoral palestina", afirmou a Efe a partir de Paris Julien Rivoire, porta-voz do comboio humanitário que fretou a embarcação.
"É a segunda vez que os israelenses abordam um navio com uma delegação pacífica que quer chegar a Gaza para levar uma mensagem de apoio da comunidade internacional", destacou Rivoire, quem afirmou que "a abordagem de um navio civil em águas internacionais é ilegal, assim como o bloqueio marítimo imposto por Israel a Gaza".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, assinalou que seu Governo, "com as constantes ações diplomáticas, conseguiu torpedear a pequena embarcação".
"Israel continuará permitindo a passagem de mercadorias e comida a Gaza, mas manterá em vigor o bloqueio marítimo para evitar o contrabando de armas e foguetes que são disparados quase todos os dias contra os cidadãos israelenses pelo Hamas", disse o primeiro-ministro.
A legalidade do bloqueio é analisada desde o ano passado por uma comissão turco-israelense liderada pela ONU e criada após a morte de oito ativistas turcos e um turco-americano no ataque ao "Mavi Marmara", o principal dos navios do primeiro comboio humanitário.
Vazamentos do relatório final - cuja entrega está prevista para daqui a duas semanas em Nova York - para meios israelenses afirmam que a comissão concluiu que o bloqueio é legal do ponto de vista do direito internacional, embora não tenha sido feita nenhuma confirmação oficial a respeito.
O movimento islamita palestino Hamas classificou nesta terça-feira de "ato criminoso" e de "pirataria" a abordagem, e considerou que "este ataque criminoso pela ocupação israelense é outro sinal da escalada contra o povo de Gaza", revelou seu porta-voz Sami Abu Zuhri.
"O comboio humanitário queria ressaltar e chamar a atenção do mundo sobre as condições de prisão na qual vive o povo de Gaza e o criminoso bloqueio", acrescentou.
Em entrevista coletiva em Gaza, todas as facções do chamado Comitê contra o Bloqueio - formado por representantes dos partidos e grupos da faixa - classificaram os atos de "crime de ocupação (Israel)" e condenaram o "ataque contra representantes da comunidade internacional que apenas queriam demonstrar sua identificação com o sofrimento do povo palestino".
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