FHC, o príncipe que virou sapo
Conforme previsto, boa parte da campanha eleitoral vem sendo
dominada por vazamentos seletivos sobre a Petrobras. Neles ressaltam a falta de
cuidado quanto às circunstâncias e alcance do que falam os
"delatores". Um áudio ali, uma declaração aqui, documentos secretos
acolá --vale tudo. O julgamento parece estar feito.
Personagens surgem e desaparecem subitamente. O ex-candidato
Eduardo Campos era um dos citados nas "denúncias" sobre propinas.
Pois bem, o nome dele sumiu como que por encanto. Será que a evaporação tem a
ver com o apoio do que sobrou do PSB a Aécio Neves? Cada um pense o que quiser.
Mas quem tocou no ponto central foi um candidato fora da
cédula: Fernando Henrique Cardoso. Num tom quase que acusatório, disse que o
voto do PT vem dos pobres. Claro, tentou tucanar o próprio preconceito. "O
PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres [sic].
Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados".
Bem, caro ex-presidente, e antes, como explicar seus votos
no Nordeste à custa de alianças com o finado PFL e oligarquias reacionárias?
Pelo mesmo raciocínio, pode-se chegar à conclusão de que a derrocada tucana
começou depois que os pobres se informaram. E não gostaram do que viram. Ou
seja, o contrário do que deduz o ex-presidente. Isso sem falar que os bem ou
mal informados, tanto faz, derrotaram o genérico Aécio em plena Minas Gerais.
Danem-se as urnas: o outrora festejado "príncipe dos sociólogos"
escolheu inverter a fábula e se transformar em sapo dos endinheirados.
Talvez o que mais incomode não seja propriamente a
decomposição intelectual. É a soberba quando se trata de dar aulas de ética,
moral e bons costumes. FHC protagonizou um dos maiores estelionatos eleitorais:
promoveu a desvalorização abrupta do real, negada de pés juntos por ele durante
a campanha de 1998.
Para aprovar a reeleição, o esquema oficial subornou
parlamentares a peso de ouro. Sua obsessão privatizante nem sequer gerou
dinheiro em caixa, ao menos para o contribuinte honesto. Pelas contas do
jornalista Aloysio Biondi, a liquidação estatal deu um prejuízo de cerca de R$
2,5 bilhões ao povo. Para quem se interessar, os números estão lá, na página 100
do livro "O Brasil Privatizado".
Aécio parece ir pelo mesmo caminho. Inútil perder tempo com
as caudalosas entrevistas do candidato. Bastam alguns exemplos de disparates.
Com a modéstia habitual, Aécio compara sua candidatura ao movimento que derrubou
a ditadura militar! Diz ainda que fará um governo dos pobres (mal ou bem
informados?) e que pretende ser o presidente da educação. Silencia sobre o fato
Minas Gerais pagar aos professores, com base na contabilidade criativa tão
criticada pelos tucanos, um piso inferior ao nacional. Chega a afirmar que
obras como o aeroporto familiar construído com dinheiro público visaram ao
interesse coletivo. Parece galhofa.
Quantos ministérios vai cortar? A gasolina custará quanto?
Quantos cargos serão eliminados? Respostas: "Não posso antecipar cenários
específicos", "no momento em que anunciar o novo desenho da máquina
pública", "encontraremos o caminho legal adequado". Para fechar
com chave de ouro, diz opor-se "violentamente a qualquer tipo de
cerceamento de liberdade [...] em especial a liberdade de imprensa." Os
jornalistas de Minas que o digam.
Enfim, declarações que soam tão verdadeiras quanto a
marquetagem do choque de gestão aecista. A esse respeito, vale ler a manchete
da Folha deste domingo (12). O perigo é se informar e trocar de candidato.
Fonte: http://jornalggn.com.br/
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