Louise Bourgeois morreu aos 98 anos nesta segunda-feira em um hospital em Nova York.
No Brasil: em 2005 a magistral dramaturga e mímica brasileira Denise Stoklos realizou a peça “Faço, Desfaço, Refaço” em homenagem a Louise Bourgeois.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Bolívia consome menos drogas do que o Brasil - Por Eduardo Guimarães
Bolívia consome menos drogas do que o Brasil
Em mais uma operação “casada” entre órgãos de imprensa e o candidato a ocupar a Presidência da República a partir do ano que vem José Serra, o cultivo de coca na Bolívia está sendo transformado em factóide eleitoral do qual o tucano pretende se beneficiar com seu discurso acusatório ao país vizinho.
Não conseguirei traduzir quanto me é doloroso ver o que estão fazendo com a imagem daquele povo e daquele país que cresce, desenvolve-se, reduz a pobreza e a miséria como nunca, educa o povo e combate as drogas com sucesso crescente.
Posso dizer bastante sobre a Bolívia porque já estive em várias partes do país, tais como Santa Cruz de La Sierra, La Paz, Cochabamba, Oruro, Potosi e Sucre, e posso garantir que o boliviano consome muito menos drogas que o brasileiro, o que, inclusive, é atestado pelo último “Relatório Mundial sobre Drogas 2009” divulgado pelo “Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime” (UNODC, sigla em inglês) em junho do ano passado.
Além disso, o relatório mostra que a Bolívia perde para a Colômbia e para o Peru em termos de exportação ilegal de pasta de coca e que boa parte da cocaína que entra no Brasil pela Bolívia vem desses outros países através do território boliviano.
Hoje, domingo, a Folha de São Paulo publica uma reportagem irresponsável sob uma manchete mentirosa dizendo que a Polícia Federal “avalizaria” as acusações de Serra à Bolívia. Lendo a matéria, percebe-se que é tudo mentira. Valendo-se do mesmo recurso do grampo imaginário contra Gilmar Mendes, o jornal cita uma fonte anônima como se tivesse recebido uma declaração oficial da PF.
E mesmo que o tal relatório da PF exista, não pode ser tomado por posição oficial da instituição, pois em organizações sem orientação político-ideológica oficial como a nossa Polícia Federal passou a ser neste governo, pode-se conseguir relatórios para todos os gostos. Só que um relatório, mesmo existindo, é muito diferente de uma conclusão oficial da instituição.
Espertamente, então, o jornal da família Frias não ouviu a Polícia Federal sobre a “denúncia” que faria neste domingo com base em fontes anônimas, pois um desmentido dela se chocaria com a manchete que se queria colocar, de que aquela instituição teria “avalizado” o factóide eleitoral de Serra.
Conheço muito bem o povo boliviano. É um povo de costumes muito mais recatados, sobretudo entre a população indígena. A folha de coca faz parte da cultura deles. Os bolivianos usam-na para fazer infusões com fins medicinais, como o eficientíssimo “té de coca”, quase mágico no combate aos efeitos da altitude no altiplano da Bolívia.
Por toda região dos Andes (sobretudo na Bolívia, no Peru, no Equador e na Colômbia), a folha de coca é amplamente consumida e industrializada. Pode-se comprar chá de coca industrializado ou a própria folha até em supermercados.
Ainda assim, o boliviano, proporcionalmente, usa muito menos drogas do que os povos de países mais ricos que importam ilegalmente da Bolívia a matéria-prima da cocaína. Consome-se menos maconha, menos ecstasy, quase nada de crack e até a própria cocaína. O boliviano não gosta de se drogar como os povos dos países mais ricos.
Na verdade, apesar de que, sob Evo Morales, a Bolívia deixou de ser o país mais pobre da América Latina, aquele ainda é um país paupérrimo e sem recursos. É muito mais difícil para a Bolívia fiscalizar todo seu território. Nem o Brasil, com todos os seus recursos, consegue.
O discurso de Serra vai ao encontro do discurso americano sobre impedir o milenar cultivo de coca nos Andes. É óbvio que, como nessa região se produz enorme parte da coca cultivada hoje – que, inclusive, tem fins farmacológicos no mundo inteiro –, é dos países andinos que vem a matéria-prima da cocaína.
Cabe a cada país fazer como a Bolívia e coibir a produção, o consumo e o tráfico de cocaína, fiscalizar fronteiras, reduzir a miséria de forma a reduzir a mão-de-obra da indústria da droga, a qual se vale das populações carentes para transportar e vender sua produção.
Como Serra fracassa miseravelmente em combater o crack em São Paulo – sobretudo na capital, onde se fuma a droga em certas regiões da cidade à vista de todos, inclusive da polícia, e o Estado não faz nada -, ele inventou essa farsa contra a Bolívia e pôs seu jornal para endossá-la valendo-se de fontes anônimas apresentadas como se fossem oficiais.
É inútil e farsesco eleger a Bolívia como culpada pela nossa dificuldade de lidar com as drogas. Aliás, trata-se de uma dificuldade que até os países mais ricos têm, o que fez com que vários deles as legalizassem. Esse discurso só serve mesmo para um candidato como Serra, que não sabe o que dizer para convencer o eleitorado a elegê-lo.
Fonte: http://www.blogcidadania.com.br
Em mais uma operação “casada” entre órgãos de imprensa e o candidato a ocupar a Presidência da República a partir do ano que vem José Serra, o cultivo de coca na Bolívia está sendo transformado em factóide eleitoral do qual o tucano pretende se beneficiar com seu discurso acusatório ao país vizinho.
Não conseguirei traduzir quanto me é doloroso ver o que estão fazendo com a imagem daquele povo e daquele país que cresce, desenvolve-se, reduz a pobreza e a miséria como nunca, educa o povo e combate as drogas com sucesso crescente.
Posso dizer bastante sobre a Bolívia porque já estive em várias partes do país, tais como Santa Cruz de La Sierra, La Paz, Cochabamba, Oruro, Potosi e Sucre, e posso garantir que o boliviano consome muito menos drogas que o brasileiro, o que, inclusive, é atestado pelo último “Relatório Mundial sobre Drogas 2009” divulgado pelo “Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime” (UNODC, sigla em inglês) em junho do ano passado.
Além disso, o relatório mostra que a Bolívia perde para a Colômbia e para o Peru em termos de exportação ilegal de pasta de coca e que boa parte da cocaína que entra no Brasil pela Bolívia vem desses outros países através do território boliviano.
Hoje, domingo, a Folha de São Paulo publica uma reportagem irresponsável sob uma manchete mentirosa dizendo que a Polícia Federal “avalizaria” as acusações de Serra à Bolívia. Lendo a matéria, percebe-se que é tudo mentira. Valendo-se do mesmo recurso do grampo imaginário contra Gilmar Mendes, o jornal cita uma fonte anônima como se tivesse recebido uma declaração oficial da PF.
E mesmo que o tal relatório da PF exista, não pode ser tomado por posição oficial da instituição, pois em organizações sem orientação político-ideológica oficial como a nossa Polícia Federal passou a ser neste governo, pode-se conseguir relatórios para todos os gostos. Só que um relatório, mesmo existindo, é muito diferente de uma conclusão oficial da instituição.
Espertamente, então, o jornal da família Frias não ouviu a Polícia Federal sobre a “denúncia” que faria neste domingo com base em fontes anônimas, pois um desmentido dela se chocaria com a manchete que se queria colocar, de que aquela instituição teria “avalizado” o factóide eleitoral de Serra.
Conheço muito bem o povo boliviano. É um povo de costumes muito mais recatados, sobretudo entre a população indígena. A folha de coca faz parte da cultura deles. Os bolivianos usam-na para fazer infusões com fins medicinais, como o eficientíssimo “té de coca”, quase mágico no combate aos efeitos da altitude no altiplano da Bolívia.
Por toda região dos Andes (sobretudo na Bolívia, no Peru, no Equador e na Colômbia), a folha de coca é amplamente consumida e industrializada. Pode-se comprar chá de coca industrializado ou a própria folha até em supermercados.
Ainda assim, o boliviano, proporcionalmente, usa muito menos drogas do que os povos de países mais ricos que importam ilegalmente da Bolívia a matéria-prima da cocaína. Consome-se menos maconha, menos ecstasy, quase nada de crack e até a própria cocaína. O boliviano não gosta de se drogar como os povos dos países mais ricos.
Na verdade, apesar de que, sob Evo Morales, a Bolívia deixou de ser o país mais pobre da América Latina, aquele ainda é um país paupérrimo e sem recursos. É muito mais difícil para a Bolívia fiscalizar todo seu território. Nem o Brasil, com todos os seus recursos, consegue.
O discurso de Serra vai ao encontro do discurso americano sobre impedir o milenar cultivo de coca nos Andes. É óbvio que, como nessa região se produz enorme parte da coca cultivada hoje – que, inclusive, tem fins farmacológicos no mundo inteiro –, é dos países andinos que vem a matéria-prima da cocaína.
Cabe a cada país fazer como a Bolívia e coibir a produção, o consumo e o tráfico de cocaína, fiscalizar fronteiras, reduzir a miséria de forma a reduzir a mão-de-obra da indústria da droga, a qual se vale das populações carentes para transportar e vender sua produção.
Como Serra fracassa miseravelmente em combater o crack em São Paulo – sobretudo na capital, onde se fuma a droga em certas regiões da cidade à vista de todos, inclusive da polícia, e o Estado não faz nada -, ele inventou essa farsa contra a Bolívia e pôs seu jornal para endossá-la valendo-se de fontes anônimas apresentadas como se fossem oficiais.
É inútil e farsesco eleger a Bolívia como culpada pela nossa dificuldade de lidar com as drogas. Aliás, trata-se de uma dificuldade que até os países mais ricos têm, o que fez com que vários deles as legalizassem. Esse discurso só serve mesmo para um candidato como Serra, que não sabe o que dizer para convencer o eleitorado a elegê-lo.
Fonte: http://www.blogcidadania.com.br
Jovem operário é torturado pela polícia na periferia de Franca (São Paulo) - Por Suvarine
Jovem operário é torturado pela polícia na periferia de Franca (São Paulo)
Os policiais o fizeram entrar no camburão, o levaram para um ponto deserto do bairro, onde o espancaram por mais de duas horas. Agressões que não deixaram marcas físicas aparentes. Após saciarem suas frustrações, o liberaram. Por Suvarine
(Na seção Movimentos Em Luta temos reproduzido os comunicados da Rede Contra a Violência e das Mães de Maio denunciando a brutalidade policial, os espancamentos, as torturas e os assassinatos. Agora publicamos, enviado por um leitor, o relato de mais um desses casos. É urgente alertar para o que se passa e nos unirmos para colocar fim à impunidade policial. Passa Palavra)
Na última sexta-feira, dia 29 de maio de 2010, recebi um telefonema, por volta das 22h30. Do outro lado da linha estava uma mãe aos prantos e precisando desabafar. Seu filho havia saído de casa às 20h para buscar a namorada e acabara de chegar, após mais de duas horas de agonia da namorada e da mãe, preocupadas com o sumiço dele; não dera notícias e não atendia o celular [telemóvel]: teria sofrido um acidente? Haviam ligado para os amigos, pedido informações à vizinhança, andado pelas ruas adjacentes, mas não encontraram nenhum sinal dele.
O rapaz é um jovem operário com cerca de 21 anos, trabalhador de um dos curtumes do município paulista conhecido internacionalmente pela fabricação de calçados masculinos de couro. Os curtumes são fábricas de couros caracterizadas pelo trabalho predominante braçal, pesado e sob condições insalubre. O jovem em questão exerce a profissão de curtumeiro desde os 17 anos de idade. Cumpre uma jornada de trabalho que se estende de segunda a quinta-feira das sete horas da manhã até às oito e meia da noite. Os serões, como são conhecidos, são uma estratégia recorrente dessas fábricas para aumentar a produção.
Às sextas-feiras sai no horário normal, 17h00, isso porque costuma trabalhar durante todo o dia de sábado. Nessa sexta, chegara em casa cansado da dura lida, tomou um banho, abriu uma latinha de cerveja e bebeu para relaxar. A namorada lhe telefonou e ele foi buscá-la. No meio do caminho passou por uma blitz [operação stop] policial que o parou. Para a polícia era um típico suspeito: jovem morador da periferia, vestindo roupas típicas do movimento Hip-Hop e pilotando uma moto. Apresentou os documentos e foi revistado, tendo a polícia encontrado um baseado [cigarro de maconha, marijuana, muito comum] sob sua posse.
Os policiais o fizeram entrar no camburão [viatura para transportar presos]. Iriam autuá-lo? Mas apenas por uma baseado? Não. Possuíam outros planos. O levaram para um ponto deserto do bairro, onde o espancaram por mais de duas horas com o objetivo de obterem informações sobre o traficante que lhe vendera o baseado: tapas na cara, safanões, socos na boca do estômago e xingamentos [insultos]. Agressões que não deixaram marcas físicas aparentes. Após saciarem suas frustrações e seu sadismo, o liberaram. Não fora a primeira vez que levara uma geral, mas foi a primeira vez que foi vítima de espancamento. Chegou em casa pálido, aos prantos, com fortes dores e vômitos.
Ao ouvir seu relato pelo telefone, minha reação imediata foi dizer que deveria registrar uma queixa. Mas a resposta que recebi foi mais do que esperada: recusou-se. E sua justificativa foi objetiva: “Não vai acontecer nada com os policiais; eu vou ficar marcado e da próxima vez que me pegarem eles me matam.” O que dizer frente a uma realidade tão cruel?
Soube que na manhã seguinte o jovem operário se levantou, após a noite mal dormida e ainda com dores pelo corpo, além do grande trauma. Era sábado, mas vestiu seu uniforme, colocou a mochila nas costas e foi cumprir mais uma jornada extraordinária de trabalho. Afinal a produção não pode parar, o patrão precisa de seus funcionários para que possa continuar a aumentar sua bela coleção de carros, cuidadosamente estacionados em um galpão [armazém] de sua fábrica.
Infelizmente, casos como esse não são novidade para mais ninguém, ocorrem diariamente nas periferias de nossas cidades; mas até quando vamos permitir que continuem a ocorrer? O que podemos fazer frente à certeza da impunidade e à ameaça da represália? Nos conformar? Espero que não. Me veio à mente um trecho de uma música ouvida por esse jovem:
“Tá na hora de parar de mofar no presídio, de estar no necrotério
Com uma par de tiros, de ser o analfabeto comendo resto viciado que
O denarc manda pro inferno.”(Discurso ou Revólver. Facção Central)
Fonte: http://passapalavra.info
Os policiais o fizeram entrar no camburão, o levaram para um ponto deserto do bairro, onde o espancaram por mais de duas horas. Agressões que não deixaram marcas físicas aparentes. Após saciarem suas frustrações, o liberaram. Por Suvarine
(Na seção Movimentos Em Luta temos reproduzido os comunicados da Rede Contra a Violência e das Mães de Maio denunciando a brutalidade policial, os espancamentos, as torturas e os assassinatos. Agora publicamos, enviado por um leitor, o relato de mais um desses casos. É urgente alertar para o que se passa e nos unirmos para colocar fim à impunidade policial. Passa Palavra)
Na última sexta-feira, dia 29 de maio de 2010, recebi um telefonema, por volta das 22h30. Do outro lado da linha estava uma mãe aos prantos e precisando desabafar. Seu filho havia saído de casa às 20h para buscar a namorada e acabara de chegar, após mais de duas horas de agonia da namorada e da mãe, preocupadas com o sumiço dele; não dera notícias e não atendia o celular [telemóvel]: teria sofrido um acidente? Haviam ligado para os amigos, pedido informações à vizinhança, andado pelas ruas adjacentes, mas não encontraram nenhum sinal dele.
O rapaz é um jovem operário com cerca de 21 anos, trabalhador de um dos curtumes do município paulista conhecido internacionalmente pela fabricação de calçados masculinos de couro. Os curtumes são fábricas de couros caracterizadas pelo trabalho predominante braçal, pesado e sob condições insalubre. O jovem em questão exerce a profissão de curtumeiro desde os 17 anos de idade. Cumpre uma jornada de trabalho que se estende de segunda a quinta-feira das sete horas da manhã até às oito e meia da noite. Os serões, como são conhecidos, são uma estratégia recorrente dessas fábricas para aumentar a produção.
Às sextas-feiras sai no horário normal, 17h00, isso porque costuma trabalhar durante todo o dia de sábado. Nessa sexta, chegara em casa cansado da dura lida, tomou um banho, abriu uma latinha de cerveja e bebeu para relaxar. A namorada lhe telefonou e ele foi buscá-la. No meio do caminho passou por uma blitz [operação stop] policial que o parou. Para a polícia era um típico suspeito: jovem morador da periferia, vestindo roupas típicas do movimento Hip-Hop e pilotando uma moto. Apresentou os documentos e foi revistado, tendo a polícia encontrado um baseado [cigarro de maconha, marijuana, muito comum] sob sua posse.
Os policiais o fizeram entrar no camburão [viatura para transportar presos]. Iriam autuá-lo? Mas apenas por uma baseado? Não. Possuíam outros planos. O levaram para um ponto deserto do bairro, onde o espancaram por mais de duas horas com o objetivo de obterem informações sobre o traficante que lhe vendera o baseado: tapas na cara, safanões, socos na boca do estômago e xingamentos [insultos]. Agressões que não deixaram marcas físicas aparentes. Após saciarem suas frustrações e seu sadismo, o liberaram. Não fora a primeira vez que levara uma geral, mas foi a primeira vez que foi vítima de espancamento. Chegou em casa pálido, aos prantos, com fortes dores e vômitos.
Ao ouvir seu relato pelo telefone, minha reação imediata foi dizer que deveria registrar uma queixa. Mas a resposta que recebi foi mais do que esperada: recusou-se. E sua justificativa foi objetiva: “Não vai acontecer nada com os policiais; eu vou ficar marcado e da próxima vez que me pegarem eles me matam.” O que dizer frente a uma realidade tão cruel?
Soube que na manhã seguinte o jovem operário se levantou, após a noite mal dormida e ainda com dores pelo corpo, além do grande trauma. Era sábado, mas vestiu seu uniforme, colocou a mochila nas costas e foi cumprir mais uma jornada extraordinária de trabalho. Afinal a produção não pode parar, o patrão precisa de seus funcionários para que possa continuar a aumentar sua bela coleção de carros, cuidadosamente estacionados em um galpão [armazém] de sua fábrica.
Infelizmente, casos como esse não são novidade para mais ninguém, ocorrem diariamente nas periferias de nossas cidades; mas até quando vamos permitir que continuem a ocorrer? O que podemos fazer frente à certeza da impunidade e à ameaça da represália? Nos conformar? Espero que não. Me veio à mente um trecho de uma música ouvida por esse jovem:
“Tá na hora de parar de mofar no presídio, de estar no necrotério
Com uma par de tiros, de ser o analfabeto comendo resto viciado que
O denarc manda pro inferno.”(Discurso ou Revólver. Facção Central)
Fonte: http://passapalavra.info
A dupla face de Obama - Por Reginaldo Mattar Nasser
A dupla face de Obama
Os meios de comunicação no Brasil, reproduzindo a avaliação das agências internacionais saudaram a nova doutrina como uma visão muito diferente daquela revelada pelo ex-presidente Bush quando anunciou, oito anos atrás no mesmo lugar (West Point) a estratégia de combate ao terrorismo. Mas, apesar de reiteradamente tentar diferenciar a sua estratégia de combate ao terror, daquela empregada por Bush, Obama voltou a utilizar, a mesma expressão empregada anteriormente: "Este é um tipo diferente de guerra".
Reginaldo Mattar Nasser (*)
A semana que passou foi extremamente reveladora do que tem sido a política externa do governo Obama. Em discurso pronunciado na academia militar de West Point ( 22/05/2010), prenúncio da nova doutrina de segurança nacional, o presidente Obama destacou o “engajamento diplomático e as alianças internacionais”, repudiou a ênfase de seu antecessor no poder unilateral americano e o direito de travar uma guerra preventiva contra o terrorismo. O documento enfatiza o fortalecimento de alianças já existentes e manifesta a intenção de trabalhar para "construção de novas parcerias” e de forma mais consistente com as normas e instituições internacionais.
Os meios de comunicação no Brasil, reproduzindo a avaliação das agências internacionais saudaram a nova doutrina como uma visão muito diferente daquela revelada pelo ex-presidente Bush quando anunciou, oito anos atrás no mesmo lugar (West Point) a estratégia de combate ao terrorismo. Mas, apesar de reiteradamente tentar diferenciar a sua estratégia de combate ao terror, daquela empregada por Bush, Obama voltou a utilizar, a mesma expressão empregada anteriormente: "Este é um tipo diferente de guerra".
Mas proponho olharmos para outra dimensão do governo Obama que pode ser facilmente encontrada nas páginas da grande imprensa norte-americana. No mesmo dia em tomava posse e o mundo comemorava o fim dos anos Bush, um ataque dos temíveis Drone (veículo aéreo não tripulado que tem por objetivo vigiar territórios e bombardear alvos inimigos) matou dois supostos líderes da Al-Qaeda. Era o primeiro de uma dramática escalada de ataques na fronteira entre o Afeganistão e Paquistão (AFPak). Durante o ano de 2009 foram realizados 44 ataques, mais do que os cinco anos anteriores em seu conjunto com uma estimativa que varia entre 600 a 700 mortos. O número de mortes de civis causadas pelos aviões é uma questão polêmica que já provocou uma ação judicial nos Estados Unidos, pois ninguém sabe exatamente quais os critérios que a inteligência norte-americana usa para distinguir um "militante" de um civil. É alguém que porta armas? Ora, um grande número de homens naquela região tem o hábito de portar armas. É alguém que oferece hospitalidade de um membro do Taliban e, portanto, um alvo legítimo, mesmo que inclua toda a sua família? Obama ainda não respondeu como e quem toma essas decisões? (Conn Hallinan, Foreign Policy In Focus, May 19, 2010)
Aliás, como bem observou o neoconservador Robert Kagan, embora a administração de Obama tenha demonstrado maior preocupação em prover defesa legal para os terroristas capturados, é preciso reconhecer, por outro lado, que ele tem feito um esforço maior para assassiná-los, eliminando assim a necessidade de julgamentos. (Forein Policy Magazine, Bipartisan Spring, March 3, 2010)
O New York Times revelou essa semana (Mark Mazzetti, NYT May 24, 2010) uma ordem secreta assinada pelo general David H. Petraeus, principal comandante militar no Oriente Médio, no dia 30 de setembro de 2009, autorizando o envio de tropas especiais clandestinas em um esforço para perseguir e capturar grupos militantes, recolher informações e construir laços com as forças locais no Irã, Arábia Saudita, Somália e outros países da região para "preparar o ambiente" para futuros ataques por forças americanas. Além disso, a ordem militar especifica as operações no Irã para recolher informações sobre o programa nuclear do país, e identificar grupos dissidentes que possam ser úteis para uma futura ofensiva militar, ao mesmo tempo em que o presidente Obama insiste em punir o Irã por suas supostas “más intenções”.
O colunista da Folha de São Paulo, Clóvis Rossi (27 de maio de 2010) obteve a íntegra da carta de Obama a Lula e concluiu que o acordo celebrado em Teerã segue todas as solicitações do presidente norte-americano. Destaco o seguinte trecho da carta que não deixa dúvidas em relação à iniciativa do Brasil:
“Caso o Irã não esteja disposto a aceitar uma oferta que demonstre que seu LEU (iniciais em inglês para urânio levemente enriquecido) é para usos pacíficos e civis, eu instaria o Brasil a insistir junto ao Irã quanto à oportunidade representada por essa oferta de manter seu urânio como "caução" na Turquia enquanto o combustível nuclear está sendo produzido.”
Enquanto isso a secretaria de Estado Hillary Clinton, dizendo praticar o “smart power”, constata que existe uma divergência muito séria em relação à diplomacia do Brasil com o Irã", e que o caminho trilhado pelo Brasil, deixa o mundo mais perigoso".
Independemente da forma governo (democrático ou ditatorial) e de ser teocrático ou não, como será que um iraniano, tomando conhecimento desses relatos, e assistindo o cerco militar gradativo de seu pais desde 2001 (Afeganistão, Iraque e bases militares norte-americanas no Uzbequistão e o Tadjiquistão) deve reagir? É irracional pensar em sentir-se seguro? Em qual Obama o mundo deve confiar?
(*) Professor de Relações Internacionais da PUC-SP
Fonte: Carta Maior
Os meios de comunicação no Brasil, reproduzindo a avaliação das agências internacionais saudaram a nova doutrina como uma visão muito diferente daquela revelada pelo ex-presidente Bush quando anunciou, oito anos atrás no mesmo lugar (West Point) a estratégia de combate ao terrorismo. Mas, apesar de reiteradamente tentar diferenciar a sua estratégia de combate ao terror, daquela empregada por Bush, Obama voltou a utilizar, a mesma expressão empregada anteriormente: "Este é um tipo diferente de guerra".
Reginaldo Mattar Nasser (*)
A semana que passou foi extremamente reveladora do que tem sido a política externa do governo Obama. Em discurso pronunciado na academia militar de West Point ( 22/05/2010), prenúncio da nova doutrina de segurança nacional, o presidente Obama destacou o “engajamento diplomático e as alianças internacionais”, repudiou a ênfase de seu antecessor no poder unilateral americano e o direito de travar uma guerra preventiva contra o terrorismo. O documento enfatiza o fortalecimento de alianças já existentes e manifesta a intenção de trabalhar para "construção de novas parcerias” e de forma mais consistente com as normas e instituições internacionais.
Os meios de comunicação no Brasil, reproduzindo a avaliação das agências internacionais saudaram a nova doutrina como uma visão muito diferente daquela revelada pelo ex-presidente Bush quando anunciou, oito anos atrás no mesmo lugar (West Point) a estratégia de combate ao terrorismo. Mas, apesar de reiteradamente tentar diferenciar a sua estratégia de combate ao terror, daquela empregada por Bush, Obama voltou a utilizar, a mesma expressão empregada anteriormente: "Este é um tipo diferente de guerra".
Mas proponho olharmos para outra dimensão do governo Obama que pode ser facilmente encontrada nas páginas da grande imprensa norte-americana. No mesmo dia em tomava posse e o mundo comemorava o fim dos anos Bush, um ataque dos temíveis Drone (veículo aéreo não tripulado que tem por objetivo vigiar territórios e bombardear alvos inimigos) matou dois supostos líderes da Al-Qaeda. Era o primeiro de uma dramática escalada de ataques na fronteira entre o Afeganistão e Paquistão (AFPak). Durante o ano de 2009 foram realizados 44 ataques, mais do que os cinco anos anteriores em seu conjunto com uma estimativa que varia entre 600 a 700 mortos. O número de mortes de civis causadas pelos aviões é uma questão polêmica que já provocou uma ação judicial nos Estados Unidos, pois ninguém sabe exatamente quais os critérios que a inteligência norte-americana usa para distinguir um "militante" de um civil. É alguém que porta armas? Ora, um grande número de homens naquela região tem o hábito de portar armas. É alguém que oferece hospitalidade de um membro do Taliban e, portanto, um alvo legítimo, mesmo que inclua toda a sua família? Obama ainda não respondeu como e quem toma essas decisões? (Conn Hallinan, Foreign Policy In Focus, May 19, 2010)
Aliás, como bem observou o neoconservador Robert Kagan, embora a administração de Obama tenha demonstrado maior preocupação em prover defesa legal para os terroristas capturados, é preciso reconhecer, por outro lado, que ele tem feito um esforço maior para assassiná-los, eliminando assim a necessidade de julgamentos. (Forein Policy Magazine, Bipartisan Spring, March 3, 2010)
O New York Times revelou essa semana (Mark Mazzetti, NYT May 24, 2010) uma ordem secreta assinada pelo general David H. Petraeus, principal comandante militar no Oriente Médio, no dia 30 de setembro de 2009, autorizando o envio de tropas especiais clandestinas em um esforço para perseguir e capturar grupos militantes, recolher informações e construir laços com as forças locais no Irã, Arábia Saudita, Somália e outros países da região para "preparar o ambiente" para futuros ataques por forças americanas. Além disso, a ordem militar especifica as operações no Irã para recolher informações sobre o programa nuclear do país, e identificar grupos dissidentes que possam ser úteis para uma futura ofensiva militar, ao mesmo tempo em que o presidente Obama insiste em punir o Irã por suas supostas “más intenções”.
O colunista da Folha de São Paulo, Clóvis Rossi (27 de maio de 2010) obteve a íntegra da carta de Obama a Lula e concluiu que o acordo celebrado em Teerã segue todas as solicitações do presidente norte-americano. Destaco o seguinte trecho da carta que não deixa dúvidas em relação à iniciativa do Brasil:
“Caso o Irã não esteja disposto a aceitar uma oferta que demonstre que seu LEU (iniciais em inglês para urânio levemente enriquecido) é para usos pacíficos e civis, eu instaria o Brasil a insistir junto ao Irã quanto à oportunidade representada por essa oferta de manter seu urânio como "caução" na Turquia enquanto o combustível nuclear está sendo produzido.”
Enquanto isso a secretaria de Estado Hillary Clinton, dizendo praticar o “smart power”, constata que existe uma divergência muito séria em relação à diplomacia do Brasil com o Irã", e que o caminho trilhado pelo Brasil, deixa o mundo mais perigoso".
Independemente da forma governo (democrático ou ditatorial) e de ser teocrático ou não, como será que um iraniano, tomando conhecimento desses relatos, e assistindo o cerco militar gradativo de seu pais desde 2001 (Afeganistão, Iraque e bases militares norte-americanas no Uzbequistão e o Tadjiquistão) deve reagir? É irracional pensar em sentir-se seguro? Em qual Obama o mundo deve confiar?
(*) Professor de Relações Internacionais da PUC-SP
Fonte: Carta Maior
O polvo nazista de Israel - Por Latuff
JERUSALÉM (Reuters) - Comandos militares israelenses atacaram um comboio que levava ajuda à Gaza nesta segunda-feira e mais de 16 dos ativistas a bordo, a maioria estrangeiros, foram mortos. O episódio provocou uma crise diplomática e acusações de "massacre" feitas por palestinos. O fim violento para a tentativa apoiada pela Turquia de romper um bloqueio imposto à Faixa de Gaza realizada por seis navios com cerca de 600 pessoas a bordo e 10 mil toneladas de suprimentos provocou condenação dentro e fora do Oriente Médio.
Fonte: http://www.novae.inf.br
Estado Assassino: Israel ataca comboio humanitário para Gaza e mata mais de 10 pessoas - Agência EFE
Israel ataca comboio humanitário para Gaza e mata mais de 10 pessoas - Agência EFE
Soldados israelenses atacaram na madrugada desta segunda-feira a chamada "Flotilha da Liberdade", um grupo de seis navios que transporta mais de 750 pessoas com ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, deixando ao menos 19 mortos e 36 feridos, segundo o Canal 10 da televisão israelense.
A imprensa da Turquia mostrou imagens captadas dentro do navio turco Mavi Marmara, nas quais se viam os soldados israelenses abrindo fogo. Em contato telefônico ao vivo com os navios, membros do comboio humanitário, que é formado em sua maioria por ativistas turcos, informaram que os comandos israelenses abordaram os navios, dispararam com fogo real para reprimir os tripulantes, apesar de estes terem mostrado bandeiras brancas.
O comboio de ajuda internacional é composto por seis navios, três deles turcos, e transporta dez mil toneladas de ajuda humanitária, com o objetivo de romper o bloqueio sofrido pela Faixa de Gaza.
Segundo a mídia turca, o ataque aconteceu em águas internacionais por volta das 4h (horário local, 22h de Brasília do domingo). As autoridades turcas tentaram entrar em contato com o navio Mavi Marmara, mas não conseguiu. Os canais de televisão turcos mostraram imagens ao vivo do ataque até as 5h local, mas então a conexão foi interrompida.
Israelenses portam cartaz em apoio à Faixa de Gaza, em Ashdod, próximo ao território ocupado
Imagens da TV turca feitas a bordo do barco turco que liderava a frota mostram soldados israelenses lutando para controlar os passageiros. As imagens mostram algumas pessoas, aparentemente feridas, deitadas no chão. O som de tiros pode ser ouvido.
A TV Al-Jazeera, do Catar, relatou, da mesma embarcação, que as forças da Marinha israelense haviam disparado e abordado o barco, ferindo o capitão. A transmissão das imagens pela Al-Jazeera foi encerrada com uma voz gritando em hebraico: "Todo mundo cale a boca!".
O Ministério de Assuntos Exteriores da Turquia tentou ligar para Israel várias vezes desde a partida da frota desde a Turquia para pedir que não interferisse em seu objetivo. Agora se espera que a diplomacia turca dê uma resposta e se abra um novo capítulo nas críticas relações entre Turquia e Israel, que ficaram abaladas desde o ataque israelense à Faixa de Gaza entre 2008 e 2009.
Em Istambul, centenas de pessoas se concentraram na frente do Consulado de Israel e tentaram entrar nele, mas foram impedidos pela polícia.
Posição de Israel
"Certamente lamentamos as vítimas, mas a responsabilidade pelas vítimas é deles, daqueles que atacaram os soldados israelenses", assinalou o número dois do Ministério de Exteriores israelense, Daniel Ayalon - do mesmo partido do chanceler Avigdor Lieberman - em entrevista coletiva do Ministério de Exteriores em Jerusalém.
Em comunicado, o Exército israelense assegura que dois "ativistas violentos sacaram os revólveres" de suas tropas "e aparentemente abriram fogo contra os soldados, como provam os cartuchos vazios dos revólveres".
Na entrevista coletiva, Ayalon disse que seu país "fez todo o possível para deter" a frota, mas seus integrantes "responderam inclusive com armas". "Nenhum país soberano toleraria essa violência".
Além disso, ele assegurou que "os organizadores" - em referência à ONG turca IHH, um dos diversos grupos que participavam da iniciativa - tem "estreitos laços" com "organizações terroristas internacionais", como a rede Al Qaeda.
Ayalon pediu que "todos os países trabalhem juntos para acalmar a situação" e que não sejam "pessimistas demais" sobre as consequências que possa ter a operação nas relações diplomáticas de Israel com outros Estados.
Repercussão
Ismail Haniya, chefe de governo em Gaza e líder do Hamas, convocou os palestinos ao redor do mundo a protestar contra o ataque israelense. "O governo decidiu nomear o dia 31 de maio como o 'dia da liberdade'. Exigimos que a Liga Árabe haja para impedir o cerco a Gaza", afirmou Haniya.
"Dizemos a esses heróis que a essência de seu sangue chegou a nós antes do que a ajuda prometida", concluiu.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, convocou uma reunião de emergência para amanhã (01/6), no Cairo. "O ataque claramente demonstra a natureza agressiva de Israel e seu desrespeito com as leis e regras internacionais".
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto nos territórios palestinos. "O que Israel cometeu contra os ativistas da 'Frota da Liberdade' é um massacre", disse Abbas.
Um dos principais assessores de Abbas, o chefe negociador palestino Saeb Erekat, qualificou o fato de "crime de guerra" que "confirma que Israel age como um Estado acima da lei". Ele pediu uma resposta "rápida e apropriada" da comunidade internacional.
"Eram embarcações civis, que levavam civis e bens civis - remédios, cadeiras de rodas, comida, materiais de construção - para os 1,5 milhão de palestinos fechados por Israel. Muitos pagaram com suas vidas. O que Israel faz em Gaza é horrível, nenhum ser humano esclarecido e decente pode dizer algo diferente", apontou Erekat.
O ministro de Exteriores francês, Bernard Kouchner, condenou o ataque israelense. Após declarar-se "profundamente" horrorizado pelas trágicas consequências da operação, o chefe da diplomacia francesa expressou condolências às famílias e amigos das vítimas.
"Não entendemos o balanço humano, ainda provisório, dessa operação contra uma iniciativa humanitária conhecida há vários dias", acrescentou.
Fonte: Opera Mundi
Soldados israelenses atacaram na madrugada desta segunda-feira a chamada "Flotilha da Liberdade", um grupo de seis navios que transporta mais de 750 pessoas com ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, deixando ao menos 19 mortos e 36 feridos, segundo o Canal 10 da televisão israelense.
A imprensa da Turquia mostrou imagens captadas dentro do navio turco Mavi Marmara, nas quais se viam os soldados israelenses abrindo fogo. Em contato telefônico ao vivo com os navios, membros do comboio humanitário, que é formado em sua maioria por ativistas turcos, informaram que os comandos israelenses abordaram os navios, dispararam com fogo real para reprimir os tripulantes, apesar de estes terem mostrado bandeiras brancas.
O comboio de ajuda internacional é composto por seis navios, três deles turcos, e transporta dez mil toneladas de ajuda humanitária, com o objetivo de romper o bloqueio sofrido pela Faixa de Gaza.
Segundo a mídia turca, o ataque aconteceu em águas internacionais por volta das 4h (horário local, 22h de Brasília do domingo). As autoridades turcas tentaram entrar em contato com o navio Mavi Marmara, mas não conseguiu. Os canais de televisão turcos mostraram imagens ao vivo do ataque até as 5h local, mas então a conexão foi interrompida.
Israelenses portam cartaz em apoio à Faixa de Gaza, em Ashdod, próximo ao território ocupado
Imagens da TV turca feitas a bordo do barco turco que liderava a frota mostram soldados israelenses lutando para controlar os passageiros. As imagens mostram algumas pessoas, aparentemente feridas, deitadas no chão. O som de tiros pode ser ouvido.
A TV Al-Jazeera, do Catar, relatou, da mesma embarcação, que as forças da Marinha israelense haviam disparado e abordado o barco, ferindo o capitão. A transmissão das imagens pela Al-Jazeera foi encerrada com uma voz gritando em hebraico: "Todo mundo cale a boca!".
O Ministério de Assuntos Exteriores da Turquia tentou ligar para Israel várias vezes desde a partida da frota desde a Turquia para pedir que não interferisse em seu objetivo. Agora se espera que a diplomacia turca dê uma resposta e se abra um novo capítulo nas críticas relações entre Turquia e Israel, que ficaram abaladas desde o ataque israelense à Faixa de Gaza entre 2008 e 2009.
Em Istambul, centenas de pessoas se concentraram na frente do Consulado de Israel e tentaram entrar nele, mas foram impedidos pela polícia.
Posição de Israel
"Certamente lamentamos as vítimas, mas a responsabilidade pelas vítimas é deles, daqueles que atacaram os soldados israelenses", assinalou o número dois do Ministério de Exteriores israelense, Daniel Ayalon - do mesmo partido do chanceler Avigdor Lieberman - em entrevista coletiva do Ministério de Exteriores em Jerusalém.
Em comunicado, o Exército israelense assegura que dois "ativistas violentos sacaram os revólveres" de suas tropas "e aparentemente abriram fogo contra os soldados, como provam os cartuchos vazios dos revólveres".
Na entrevista coletiva, Ayalon disse que seu país "fez todo o possível para deter" a frota, mas seus integrantes "responderam inclusive com armas". "Nenhum país soberano toleraria essa violência".
Além disso, ele assegurou que "os organizadores" - em referência à ONG turca IHH, um dos diversos grupos que participavam da iniciativa - tem "estreitos laços" com "organizações terroristas internacionais", como a rede Al Qaeda.
Ayalon pediu que "todos os países trabalhem juntos para acalmar a situação" e que não sejam "pessimistas demais" sobre as consequências que possa ter a operação nas relações diplomáticas de Israel com outros Estados.
Repercussão
Ismail Haniya, chefe de governo em Gaza e líder do Hamas, convocou os palestinos ao redor do mundo a protestar contra o ataque israelense. "O governo decidiu nomear o dia 31 de maio como o 'dia da liberdade'. Exigimos que a Liga Árabe haja para impedir o cerco a Gaza", afirmou Haniya.
"Dizemos a esses heróis que a essência de seu sangue chegou a nós antes do que a ajuda prometida", concluiu.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, convocou uma reunião de emergência para amanhã (01/6), no Cairo. "O ataque claramente demonstra a natureza agressiva de Israel e seu desrespeito com as leis e regras internacionais".
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, decretou três dias de luto nos territórios palestinos. "O que Israel cometeu contra os ativistas da 'Frota da Liberdade' é um massacre", disse Abbas.
Um dos principais assessores de Abbas, o chefe negociador palestino Saeb Erekat, qualificou o fato de "crime de guerra" que "confirma que Israel age como um Estado acima da lei". Ele pediu uma resposta "rápida e apropriada" da comunidade internacional.
"Eram embarcações civis, que levavam civis e bens civis - remédios, cadeiras de rodas, comida, materiais de construção - para os 1,5 milhão de palestinos fechados por Israel. Muitos pagaram com suas vidas. O que Israel faz em Gaza é horrível, nenhum ser humano esclarecido e decente pode dizer algo diferente", apontou Erekat.
O ministro de Exteriores francês, Bernard Kouchner, condenou o ataque israelense. Após declarar-se "profundamente" horrorizado pelas trágicas consequências da operação, o chefe da diplomacia francesa expressou condolências às famílias e amigos das vítimas.
"Não entendemos o balanço humano, ainda provisório, dessa operação contra uma iniciativa humanitária conhecida há vários dias", acrescentou.
Fonte: Opera Mundi
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Colunista da ANDA lança livro que aborda direitos animais
Colunista da ANDA lança livro que aborda direitos animais
Professor, ambientalista e ativista da causa dos direitos dos animais, Gabriel Bitencourt é colunista da Rádio Jovem Pan de Sorocaba e colabora com outras emissoras de rádio além de ser colunista da ANDA sobre políticas públicas relacionadas a animais.
No próximo dia 01 de junho, início da semana em que se comemora mundialmente a Semana do Meio Ambiente, Gabriel lançará um livro de crônicas sobre o assunto. O livro, impresso em papel reciclado, apresenta design moderno e é uma pequena coletânea dos textos apresentados em sua coluna semanal na rádio Jovem Pan de Sorocaba, onde estão incluídos, também, alguns artigos publicados na mídia impressa ou eletrônica.
Em seus escritos, seguindo o eixo usado na rádio, procura, ao invés de realizar uma abordagem do tipo “catastrofismo”, apontar soluções e responsabilidades: “por maior que seja o problema ambiental, cada cidadã ou cidadão tem sua dose de responsabilidade e sua capacidade de ação”, afirma. Ao invés do texto acadêmico, apresenta uma leve crônica do dia-a-dia, na qual mostra que o “tal meio ambiente”, não longínquo, mas perto de nós – está sujeito à nossa ação ou é resultante de nossa inação.
Um pequeno livro cuja única pretensão é a de provocar reflexões sobre o que podemos e devemos fazer em relação aos problemas socioambientais que nos atingem.
Dirigido a tod@s, o cronista ambiental diz que se sentiria muito feliz em ver seu livro sendo usado em sala de aula, como instrumento de reflexões entre professores e estudantes.
Entre os temas abordados estão: coleta seletiva de lixo, arborização urbana, recursos hídricos e Direitos dos Animais, entre outros.
Data: 01 de Junho de 2010.
Local: Fundec – Rua brigadeiro Tobias, 73 – Centro
Sorocaba, SP
Horário: 20h
Fonte: http://www.anda.jor.br/
Professor, ambientalista e ativista da causa dos direitos dos animais, Gabriel Bitencourt é colunista da Rádio Jovem Pan de Sorocaba e colabora com outras emissoras de rádio além de ser colunista da ANDA sobre políticas públicas relacionadas a animais.
No próximo dia 01 de junho, início da semana em que se comemora mundialmente a Semana do Meio Ambiente, Gabriel lançará um livro de crônicas sobre o assunto. O livro, impresso em papel reciclado, apresenta design moderno e é uma pequena coletânea dos textos apresentados em sua coluna semanal na rádio Jovem Pan de Sorocaba, onde estão incluídos, também, alguns artigos publicados na mídia impressa ou eletrônica.
Em seus escritos, seguindo o eixo usado na rádio, procura, ao invés de realizar uma abordagem do tipo “catastrofismo”, apontar soluções e responsabilidades: “por maior que seja o problema ambiental, cada cidadã ou cidadão tem sua dose de responsabilidade e sua capacidade de ação”, afirma. Ao invés do texto acadêmico, apresenta uma leve crônica do dia-a-dia, na qual mostra que o “tal meio ambiente”, não longínquo, mas perto de nós – está sujeito à nossa ação ou é resultante de nossa inação.
Um pequeno livro cuja única pretensão é a de provocar reflexões sobre o que podemos e devemos fazer em relação aos problemas socioambientais que nos atingem.
Dirigido a tod@s, o cronista ambiental diz que se sentiria muito feliz em ver seu livro sendo usado em sala de aula, como instrumento de reflexões entre professores e estudantes.
Entre os temas abordados estão: coleta seletiva de lixo, arborização urbana, recursos hídricos e Direitos dos Animais, entre outros.
Data: 01 de Junho de 2010.
Local: Fundec – Rua brigadeiro Tobias, 73 – Centro
Sorocaba, SP
Horário: 20h
Fonte: http://www.anda.jor.br/
Um acordo e seis verdades - Por José Luís Fiori
Um acordo e seis verdades
O jornal O Globo foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências.
A análise é de José Luís Fiori.
“A mediação bem sucedida de Lula com o Irã alçaria Brasil no cenário mundial.”
O Globo, domingo, 16 de maio de 2010, p:38
Na terça feira, 18 de maio de 2010, foi assinado o Acordo Nuclear entre o Brasil, a Turquia e o Irã, que dispensa maiores apresentações. E como é sabido, quarenta e oito horas depois da assinatura do Acordo, os Estados Unidos propuseram ao Conselho de Segurança da ONU, uma nova rodada de sanções ao Irã, junto com a Inglaterra, França e Alemanha, e com o apoio discreto da China e da Rússia. Apesar da rapidez dos acontecimentos, já é possível decantar algumas verdades no meio da confusão:
1. A iniciativa diplomática do Brasil e da Turquia não foi uma “rebelião da periferia”, nem foi um desafio aberto ao poder americano. Neste momento, os dois países são membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e desde o início contaram com o apoio e o estímulo de todos dos seus cinco membros permanentes. Além disto, a diplomacia brasileira e turca manteve contato permanente com os governos destes países durante todo o processo das negociações. A Turquia pertence a OTAN, e abriga em seu território armas atômicas norte-americanas. E o presidente Lula recebeu carta de estímulo do presidente Barack Obama, duas semanas antes da assinatura da visita de Lula, e a Secretária de Estado norte-americana declarou – na véspera do Acordo - que se tratava da “última esperança” de solucionar de forma diplomática a “questão nuclear iraniana”.
2. O que provocou surpresa e irritação em alguns setores, portanto, não foram as negociações, nem os termos do acordo final, que já eram conhecidos. Foi o sucesso do presidente brasileiro que todos consideravam impossível ou muito improvável. Sua mediação viabilizou o acordo, e ao mesmo tempo descalçou a proposta de sanções articulada pela Secretaria de Estado norte-americana depois de sucessivas concessões à Rússia e à China. E alem disto, criou uma nova realidade que agora já escapou ao controle dos Estados Unidos e seus aliados, e também do Brasil e da Turquia.
3. A reação americana contra o Acordo foi rápida e ágil, mas o preço que os Estados Unidos pagarão pela sua posição contra esta iniciativa pacifista será muito alto. Perdem autoridade moral dentro das Nações Unidas e perdem credibilidade entre seus aliados do Oriente Médio, com a exceção de Israel, por razões óbvias. E já agora, passe o que passe, o Brasil e a Turquia serão uma referência ética e pacifista, em todos os desdobramentos futuros deste contencioso.
4. Existe consenso que a estrutura de governança mundial estabelecida depois da II Guerra Mundial, e reformulada depois do fim da Guerra Fria, já não corresponde à configuração do poder mundial. Está em curso uma mudança na distribuição dos recursos do poder global, mas não se trata de um processo automático, e dependerá muito da capacidade estratégica e da ousadia dos governos envolvidos neste processo de transformação. O Oriente Médio faz parte da zona de segurança e interesse imediato da Turquia, mas no caso do Brasil, foi a primeira vez que interveio numa negociação longe de sua zona imediata de interesse regional, envolvendo uma agenda nuclear, e todas as grandes potências do mundo. A mensagem foi clara: o Brasil quer ser uma potencia global e usará sua influencia para ajudar a moldar o mundo, além de suas fronteiras. E o sucesso do Acordo já consagrou uma nova posição de autonomia do Brasil, com relação aos Estados Unidos, Inglaterra e França, e também, com relação aos países do BRIC.
5. O Acordo seguirá sendo a melhor chance para prevenir um conflito militar em todo o Oriente Médio. As sanções em discussão são fracas, já foram diluídas, não são totalmente obrigatórias, e não atingirão a capacidade de resistência iraniana. Pelo contrário, se foram aprovadas e aplicadas, liberarão automaticamente o governo do Irã de qualquer controle ou restrição, diminuirão o controle norte-americana e da AIEA e acelerarão o programa nuclear iraniano, e aumentarão a probabilidade de um ataque israelense. Porque os Estados Unidos já estão envolvidos em duas guerras, e não é provável que a OTAN assuma diretamente esta nova frente de batalha, a despeito do anti-islamismo militante, dos atuais governos de direita, da Alemanha, França e Itália.
6. Por fim, o jornal O Globo foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br
O jornal O Globo foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências.
A análise é de José Luís Fiori.
“A mediação bem sucedida de Lula com o Irã alçaria Brasil no cenário mundial.”
O Globo, domingo, 16 de maio de 2010, p:38
Na terça feira, 18 de maio de 2010, foi assinado o Acordo Nuclear entre o Brasil, a Turquia e o Irã, que dispensa maiores apresentações. E como é sabido, quarenta e oito horas depois da assinatura do Acordo, os Estados Unidos propuseram ao Conselho de Segurança da ONU, uma nova rodada de sanções ao Irã, junto com a Inglaterra, França e Alemanha, e com o apoio discreto da China e da Rússia. Apesar da rapidez dos acontecimentos, já é possível decantar algumas verdades no meio da confusão:
1. A iniciativa diplomática do Brasil e da Turquia não foi uma “rebelião da periferia”, nem foi um desafio aberto ao poder americano. Neste momento, os dois países são membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, e desde o início contaram com o apoio e o estímulo de todos dos seus cinco membros permanentes. Além disto, a diplomacia brasileira e turca manteve contato permanente com os governos destes países durante todo o processo das negociações. A Turquia pertence a OTAN, e abriga em seu território armas atômicas norte-americanas. E o presidente Lula recebeu carta de estímulo do presidente Barack Obama, duas semanas antes da assinatura da visita de Lula, e a Secretária de Estado norte-americana declarou – na véspera do Acordo - que se tratava da “última esperança” de solucionar de forma diplomática a “questão nuclear iraniana”.
2. O que provocou surpresa e irritação em alguns setores, portanto, não foram as negociações, nem os termos do acordo final, que já eram conhecidos. Foi o sucesso do presidente brasileiro que todos consideravam impossível ou muito improvável. Sua mediação viabilizou o acordo, e ao mesmo tempo descalçou a proposta de sanções articulada pela Secretaria de Estado norte-americana depois de sucessivas concessões à Rússia e à China. E alem disto, criou uma nova realidade que agora já escapou ao controle dos Estados Unidos e seus aliados, e também do Brasil e da Turquia.
3. A reação americana contra o Acordo foi rápida e ágil, mas o preço que os Estados Unidos pagarão pela sua posição contra esta iniciativa pacifista será muito alto. Perdem autoridade moral dentro das Nações Unidas e perdem credibilidade entre seus aliados do Oriente Médio, com a exceção de Israel, por razões óbvias. E já agora, passe o que passe, o Brasil e a Turquia serão uma referência ética e pacifista, em todos os desdobramentos futuros deste contencioso.
4. Existe consenso que a estrutura de governança mundial estabelecida depois da II Guerra Mundial, e reformulada depois do fim da Guerra Fria, já não corresponde à configuração do poder mundial. Está em curso uma mudança na distribuição dos recursos do poder global, mas não se trata de um processo automático, e dependerá muito da capacidade estratégica e da ousadia dos governos envolvidos neste processo de transformação. O Oriente Médio faz parte da zona de segurança e interesse imediato da Turquia, mas no caso do Brasil, foi a primeira vez que interveio numa negociação longe de sua zona imediata de interesse regional, envolvendo uma agenda nuclear, e todas as grandes potências do mundo. A mensagem foi clara: o Brasil quer ser uma potencia global e usará sua influencia para ajudar a moldar o mundo, além de suas fronteiras. E o sucesso do Acordo já consagrou uma nova posição de autonomia do Brasil, com relação aos Estados Unidos, Inglaterra e França, e também, com relação aos países do BRIC.
5. O Acordo seguirá sendo a melhor chance para prevenir um conflito militar em todo o Oriente Médio. As sanções em discussão são fracas, já foram diluídas, não são totalmente obrigatórias, e não atingirão a capacidade de resistência iraniana. Pelo contrário, se foram aprovadas e aplicadas, liberarão automaticamente o governo do Irã de qualquer controle ou restrição, diminuirão o controle norte-americana e da AIEA e acelerarão o programa nuclear iraniano, e aumentarão a probabilidade de um ataque israelense. Porque os Estados Unidos já estão envolvidos em duas guerras, e não é provável que a OTAN assuma diretamente esta nova frente de batalha, a despeito do anti-islamismo militante, dos atuais governos de direita, da Alemanha, França e Itália.
6. Por fim, o jornal O Globo foi quem acertou em cheio, ao prever - com perfeita lucidez - na véspera do Acordo, que o sucesso da mediação do presidente Lula com o Irã projetaria o Brasil, definitivamente, no cenário mundial. O que de fato aconteceu, estabelecendo uma descontinuidade definitiva com relação à política externa do governo FHC, que foi, ao mesmo tempo, provinciana e deslumbrada, e submissa aos juízos e decisões estratégicas das grandes potências.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br
quinta-feira, 27 de maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
Os Fanzines são muito mais que textos!
Os Fanzines são muito mais que textos!
Tem muita gente boa deste fantástico mundo a Cultura Independente que acha que não existem mais Fanzines de papel circulando por aí – acorda Brasil, acorda meu povo!
Outros “os fanzines só tem textos”, textos e muito mais textos e loucuras, desconstrução da Arte – Revolução, isso mesmo Revolução! Abram os olhos!
Tem muita gente boa deste fantástico mundo a Cultura Independente que acha que não existem mais Fanzines de papel circulando por aí – acorda Brasil, acorda meu povo!
Outros “os fanzines só tem textos”, textos e muito mais textos e loucuras, desconstrução da Arte – Revolução, isso mesmo Revolução! Abram os olhos!
Provo Dinamarquês - Stewart Home
Provo Dinamarquês
No início do verão de 1965, um panfleto apareceu na cidade de Amsterdã, pedindo que grandes quantias de dinheiro fossem enviadas para o endereço editorial de uma nova revista chamada PROVO. O panfleto afirmava que a nova revista era necessária:
“- porque essa sociedade capitalista está envenenando a si mesma com uma necessidade mórbida por dinheiro. Seus membros são levados a endeusar o Ter e desprezar o Ser.
- porque essa sociedade burocrática está se chocando com ela mesma, reprimindo qualquer forma de espontaneidade. Seus membros só podem torna-se pessoas individuais e criativas através de condutas anti-sociais.
- porque essa sociedade militarista está cavando sua própria cova com a construção de armas atômicas paranóicas, e seus membros não podem esperar nada do futuro, a não se a morte certa por radiação atômica.”
O primeiro número da PROVO apareceu logo depois e foi imediatamente confiscado pelas autoridades, por conter um diagrama reproduzido do manual The Practical Anarchst, de 1920, que supostamente instruía o leitor na produção de explosivos. Na verdade, a técnica não funcionava. Esse e outros escândalos fizeram com que a circulação da PROVO subisse de quinhentos para vinte mil exemplares em um ano.
Os primeiros ativistas do PROVO – entre eles Roal Van Duyn (nascido em 1942), Bob Stoik, Robert Jasper Grootveld (nascido em 1932), Simon Vinkenoog, Bart Huges e o ex-situacionista Constant – tinham origens basicamente anarco-comunistas e criativas. No entanto, as satíricas ações político-culturais dos PROVOS fizeram com que a juventude insatisfeita de Amsterdã logo se juntasse ao que rapidamente se tornou um movimento.
Amsterdã era considerada um centro mágico e no seu coração estava o Spui, onde, próximo da estátua de um pequeno menino chamado Lieverdja – e rotulado pelos PROVOS de consumidor viciado –, Grootveld vinha organizando happenings semanais desde 1964.
Os PROVOS elaboraram uma série de “planos brancos”: soluções para problemas sociais e ecológicos da cidade, que funcionavam também como provocações às autoridades dinamarquesas. Entre os mais famosos está o Plano de Bicicletas Brancas. Os PROVOS anunciaram num panfleto que bicicletas brancas seriam espalhadas pela cidade para serem usadas pela população em geral. O protótipo desse transporte comunitário gratuito foi apresentado a imprensa e ao público em 28 de julho de 1965, perto da estátua de Lieverdja. O plano foi um enorme sucesso como uma “provocação contra a propriedade privada capitalista” e o “monstro do carro”, mas fracassou como experimento social. A pólicia, aterrorizada pela idéias de propriedade comunitária sendo deixada nas ruas, confiscou todas as bicicletas que acharam sem dono ou sem corrente.
Os PROVOS ficaram famosos entre a comunidade médica dinamarquesa quando Bart Huges – um de seus líderes – perfurou um buraco em seu crânio. Huges acreditava que as membranas dentro de sua cabeça poderiam expandir-se como resultado do espaço extra que havia criado, aumentando assim o volume de sangue – e portando oxigênio – que poderia circular em seu cérebro. O resultado, afirmava Huges, era parecido com a consciência expandida através de exercícios de yoga, ou uma viagem de LSD, mas nesse caso os benefícios seriam permanentes.
A reputação internacional dos PROVOS vem do ataque à procissão do casamento da Princesa Beatrix e do Príncipe Claus Von Amsburg, com bombas de fumaça, em maio de 1966. A polícia revidou imediatamente, batendo selvagemente nos manifestantes contrários à monarquia. No entanto, o povo de Amsterdã demonstrou seu apoio à causa PROVO, votando num representante do movimento para vereador nas eleições locais, três semanas depois. Depois disso, tornou-se claro que era apenas uma questão de tempo até que as atividades radicais do PROVO fossem reprimidas pelas autoridades dinamarquesas, e assim, na primavera de 1967, o movimento se dissolveu.
Fonte: Assalto à Cultura – Stewart Home – Conrad Livros – 1999
No início do verão de 1965, um panfleto apareceu na cidade de Amsterdã, pedindo que grandes quantias de dinheiro fossem enviadas para o endereço editorial de uma nova revista chamada PROVO. O panfleto afirmava que a nova revista era necessária:
“- porque essa sociedade capitalista está envenenando a si mesma com uma necessidade mórbida por dinheiro. Seus membros são levados a endeusar o Ter e desprezar o Ser.
- porque essa sociedade burocrática está se chocando com ela mesma, reprimindo qualquer forma de espontaneidade. Seus membros só podem torna-se pessoas individuais e criativas através de condutas anti-sociais.
- porque essa sociedade militarista está cavando sua própria cova com a construção de armas atômicas paranóicas, e seus membros não podem esperar nada do futuro, a não se a morte certa por radiação atômica.”
O primeiro número da PROVO apareceu logo depois e foi imediatamente confiscado pelas autoridades, por conter um diagrama reproduzido do manual The Practical Anarchst, de 1920, que supostamente instruía o leitor na produção de explosivos. Na verdade, a técnica não funcionava. Esse e outros escândalos fizeram com que a circulação da PROVO subisse de quinhentos para vinte mil exemplares em um ano.
Os primeiros ativistas do PROVO – entre eles Roal Van Duyn (nascido em 1942), Bob Stoik, Robert Jasper Grootveld (nascido em 1932), Simon Vinkenoog, Bart Huges e o ex-situacionista Constant – tinham origens basicamente anarco-comunistas e criativas. No entanto, as satíricas ações político-culturais dos PROVOS fizeram com que a juventude insatisfeita de Amsterdã logo se juntasse ao que rapidamente se tornou um movimento.
Amsterdã era considerada um centro mágico e no seu coração estava o Spui, onde, próximo da estátua de um pequeno menino chamado Lieverdja – e rotulado pelos PROVOS de consumidor viciado –, Grootveld vinha organizando happenings semanais desde 1964.
Os PROVOS elaboraram uma série de “planos brancos”: soluções para problemas sociais e ecológicos da cidade, que funcionavam também como provocações às autoridades dinamarquesas. Entre os mais famosos está o Plano de Bicicletas Brancas. Os PROVOS anunciaram num panfleto que bicicletas brancas seriam espalhadas pela cidade para serem usadas pela população em geral. O protótipo desse transporte comunitário gratuito foi apresentado a imprensa e ao público em 28 de julho de 1965, perto da estátua de Lieverdja. O plano foi um enorme sucesso como uma “provocação contra a propriedade privada capitalista” e o “monstro do carro”, mas fracassou como experimento social. A pólicia, aterrorizada pela idéias de propriedade comunitária sendo deixada nas ruas, confiscou todas as bicicletas que acharam sem dono ou sem corrente.
Os PROVOS ficaram famosos entre a comunidade médica dinamarquesa quando Bart Huges – um de seus líderes – perfurou um buraco em seu crânio. Huges acreditava que as membranas dentro de sua cabeça poderiam expandir-se como resultado do espaço extra que havia criado, aumentando assim o volume de sangue – e portando oxigênio – que poderia circular em seu cérebro. O resultado, afirmava Huges, era parecido com a consciência expandida através de exercícios de yoga, ou uma viagem de LSD, mas nesse caso os benefícios seriam permanentes.
A reputação internacional dos PROVOS vem do ataque à procissão do casamento da Princesa Beatrix e do Príncipe Claus Von Amsburg, com bombas de fumaça, em maio de 1966. A polícia revidou imediatamente, batendo selvagemente nos manifestantes contrários à monarquia. No entanto, o povo de Amsterdã demonstrou seu apoio à causa PROVO, votando num representante do movimento para vereador nas eleições locais, três semanas depois. Depois disso, tornou-se claro que era apenas uma questão de tempo até que as atividades radicais do PROVO fossem reprimidas pelas autoridades dinamarquesas, e assim, na primavera de 1967, o movimento se dissolveu.
Fonte: Assalto à Cultura – Stewart Home – Conrad Livros – 1999
Anticapitalistas atacam rua comercial de Basel, na Suíça - Por ANA
Anticapitalistas atacam rua comercial de Basel, na Suíça
Numa ação rápida, cerca de vinte anticapitalistas mascarados atacaram a principal rua comercial da cidade de Basel, Basiléia, na noite da última sexta-feira (21).
Eles quebraram as vitrines de várias lojas e danificaram uma dúzia de carros. Diversos slogans anticapitalistas também foram pichados contra as paredes dos estabelecimentos comerciais.
“Os vândalos quebraram as janelas de quase todas as lojas numa área de 200-300 metros ao longo da Freie Strasse, mas não roubaram nada", disse a imprensa local um agente policial.
O montante do prejuízo ainda não foi estimado, mas as autoridades avaliam em centenas de milhares de francos suíços. De 25 a 30 empresas foram afetadas.
Alertados pelos transeuntes, segundo a imprensa local, a polícia encontrou perto do cenário da ofensiva peças de roupa que os manifestantes supostamente teriam usado para esconder seus rostos. A polícia não conseguiu prender ninguém.
agência de notícias anarquistas-ana
sob a janela
o gato prepara o salto
como sempre faz
Fred Schofield
Numa ação rápida, cerca de vinte anticapitalistas mascarados atacaram a principal rua comercial da cidade de Basel, Basiléia, na noite da última sexta-feira (21).
Eles quebraram as vitrines de várias lojas e danificaram uma dúzia de carros. Diversos slogans anticapitalistas também foram pichados contra as paredes dos estabelecimentos comerciais.
“Os vândalos quebraram as janelas de quase todas as lojas numa área de 200-300 metros ao longo da Freie Strasse, mas não roubaram nada", disse a imprensa local um agente policial.
O montante do prejuízo ainda não foi estimado, mas as autoridades avaliam em centenas de milhares de francos suíços. De 25 a 30 empresas foram afetadas.
Alertados pelos transeuntes, segundo a imprensa local, a polícia encontrou perto do cenário da ofensiva peças de roupa que os manifestantes supostamente teriam usado para esconder seus rostos. A polícia não conseguiu prender ninguém.
agência de notícias anarquistas-ana
sob a janela
o gato prepara o salto
como sempre faz
Fred Schofield
[Canadá] Seis pessoas são detidas durante manifestação contra o G8 em Vancouver - Por ANA
[Canadá] Seis pessoas são detidas durante manifestação contra o G8 em Vancouver
[Seis pessoas foram presas na noite da sexta-feira passada (21) em Vancouver, durante confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra a “Cúpula Universitária do G8”.]
Três homens e três mulheres que participavam do protesto chamado "Cúpula do povo das ruas” foram presos quando tentavam entrar no hotel Fairmont Waterfront, que hospedou a “Cúpula Universitária G8 de Vancouver”.
Em seguida, cerca de 80 manifestantes, alguns com máscaras e roupas negras tentaram bloquear uma rua em frente ao hotel para impedir a entrada dos participantes - reitores de universidades de países do G8 e do G20 - e que abandonassem o edifício de carro.
A polícia pediu reforços e os confrontos se sucederam, causando alguns danos materiais - principalmente às bicicletas das forças da ordem - mas não houve feridos.
Um grupo de manifestantes manteve-se em vigília em frente à prisão de Vancouver para protestar contra as prisões e pedir a libertação dos detidos. Até sábado à noite os seis manifestantes continuavam encarcerados.
Cúpulas do G8 e do G20
A reunião do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais industrializados do mundo e a Rússia) acontecerá no Canadá, num centro turístico situado na região de Muskoka, a quase 200 quilômetros ao norte de Toronto, nos dias 25 e 26 de junho de 2010.
A cúpula de líderes do Grupo dos Vinte (G20, países ricos e principais emergentes) será também realizada na cidade de Toronto nos dias 26 e 27 de junho.
Em paralelo grupos anarquistas, indígenas, altermundistas e outros mais estão planejando ações de oposição aos dois encontros.
A imprensa canadense tem divulgado notas revelando que a polícia de Toronto e o CSIS (Serviço de Inteligência Canadense) colocaram os anarquistas sob vigilância da mesma forma que a Al-Qaeda antes e no correr das reuniões do G8 e G20.
Ainda segundo a imprensa canadense, cerca de dez mil policiais e mil seguranças particulares serão encarregados de garantir a segurança das cúpulas. Este contingente é maior do que o destinado em fevereiro para os Jogos Olímpicos de Inverno deste ano, em Vancouver, também no Canadá.
Na quarta-feira da semana passada uma agência bancária em Ottawa foi incendiada por um grupo de anarquistas, que afirmou em um comunicado que viria a organizar atos semelhantes durante as cúpulas do final de junho.
agência de notícias anarquistas-ana
Chuva de primavera –
Uma criança
Ensina o gato a dançar.
Issa
[Seis pessoas foram presas na noite da sexta-feira passada (21) em Vancouver, durante confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra a “Cúpula Universitária do G8”.]
Três homens e três mulheres que participavam do protesto chamado "Cúpula do povo das ruas” foram presos quando tentavam entrar no hotel Fairmont Waterfront, que hospedou a “Cúpula Universitária G8 de Vancouver”.
Em seguida, cerca de 80 manifestantes, alguns com máscaras e roupas negras tentaram bloquear uma rua em frente ao hotel para impedir a entrada dos participantes - reitores de universidades de países do G8 e do G20 - e que abandonassem o edifício de carro.
A polícia pediu reforços e os confrontos se sucederam, causando alguns danos materiais - principalmente às bicicletas das forças da ordem - mas não houve feridos.
Um grupo de manifestantes manteve-se em vigília em frente à prisão de Vancouver para protestar contra as prisões e pedir a libertação dos detidos. Até sábado à noite os seis manifestantes continuavam encarcerados.
Cúpulas do G8 e do G20
A reunião do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais industrializados do mundo e a Rússia) acontecerá no Canadá, num centro turístico situado na região de Muskoka, a quase 200 quilômetros ao norte de Toronto, nos dias 25 e 26 de junho de 2010.
A cúpula de líderes do Grupo dos Vinte (G20, países ricos e principais emergentes) será também realizada na cidade de Toronto nos dias 26 e 27 de junho.
Em paralelo grupos anarquistas, indígenas, altermundistas e outros mais estão planejando ações de oposição aos dois encontros.
A imprensa canadense tem divulgado notas revelando que a polícia de Toronto e o CSIS (Serviço de Inteligência Canadense) colocaram os anarquistas sob vigilância da mesma forma que a Al-Qaeda antes e no correr das reuniões do G8 e G20.
Ainda segundo a imprensa canadense, cerca de dez mil policiais e mil seguranças particulares serão encarregados de garantir a segurança das cúpulas. Este contingente é maior do que o destinado em fevereiro para os Jogos Olímpicos de Inverno deste ano, em Vancouver, também no Canadá.
Na quarta-feira da semana passada uma agência bancária em Ottawa foi incendiada por um grupo de anarquistas, que afirmou em um comunicado que viria a organizar atos semelhantes durante as cúpulas do final de junho.
agência de notícias anarquistas-ana
Chuva de primavera –
Uma criança
Ensina o gato a dançar.
Issa
O selvagem da bicicleta: Todo mundo deve viajar sem destino - Por Paulo Rebêlo
O selvagem da bicicleta: Todo mundo deve viajar sem destino
"Hoje ninguém pode passar uma tarde fora, um fim de semana offline ou feriado sozinho sem precisar dar satisfação para esposa, filhos, sócios, credores, funcionários, porteiro, cachorro e papagaio."
Conheço um rol de tiozinhos que até hoje choram por dentro quando escutam a música Born to be wild.
Aos incautos, é um heavy metal de 1967, sucesso dos canadenses do Steppenwolf.
Mexe com os brios de todas as gerações desde então. As de ontem, choram pela liberdade pela qual tanto esperaram conseguir um dia. E as de hoje choram pela liberdade que nunca tiveram na vida.
Quando toca a música, eles pensam em jogar tudo para o alto, subir numa motoca e pegar a estrada. Sem rumo e sem expectativa. É quando o interfone toca e interrompe o delírio. É o entregador da farmácia trazendo o remédio para a febre das crianças.
Ou para o seu colesterol que atingiu o Everest de novo.
A cada dia que passa, fazer uma mochila e pegar a estrada, apenas pelo prazer de não saber o que encontrar, tornou-se um elixir impossível para as pessoas normais. Disponível apenas para selvagens. O por quê, ninguém sabe.
Ou sabem e não querem admitir.
Verdade, não temos a Harley Davidson do Peter Fonda e do Dennis Hopper. Nem somos selvagens feito o Mickey Rourke em cima daquela moto envenenada de Rumble Fish.
Mas não precisa. A gente pode dar um primeiro passo de bicicleta mesmo. Quem sabe com rodinhas laterais para ajudar na sustentação.
Dá para ir até a cidade ao lado. Pegar um ônibus, o carro de passeio, uma passagem na promoção.
Conhecer o vilarejo só por conhecer. Com olhos e ouvidos bem abertos, você encontra relíquias humanas e, se tiver sorte, depois de alguns anos termina encontrando a si mesmo. Vai estar lá, perdido entre fotografias e memórias a tiracolo.
Um exemplo glutão: uma das melhores bistecas de porco caseiras que já comi foi numa cidadezinha pernambucana chamada Angelim, a apenas 200 km de Recife. Obra de uma senhora que transformou a sala de casa em restaurante. E não faz a menor propaganda.
A lista de pequenas selvagerias é quase infinita. Algumas das pessoas mais interessantes que você vai conhecer, tenha certeza, estão nos lugares menos esperados. E nem precisa ir tão longe.
Se tudo der errado, você pode comer milho assado enquanto a criançada brinca no meio da pracinha como se não houvesse amanhã.
Porque, talvez para você e para um tanto de gente, aquelas crianças não têm amanhã. Para quem quase chora ao ouvir Born to be Wild, são crianças sem a menor perspectiva de futuro simplesmente porque nada acontece e todos os dias são exatamente iguais.
Dias bem diferentes dos seus, mas quão diferentes de iguais?
Ontem a vida era bem mais difícil e mesmo assim a gente conseguia atravessar oceanos, escalar montanhas e desbravar o sertão.
Hoje temos caixa eletrônico, cartão de crédito, celular no bolso, câmera digital, GPS e Google Maps. Tudo para facilitar nossa vida selvagem pelo desconhecido, mas ninguém quer sair do canto.
Seus amigos moderninhos vão dizer que é o preço do casamento, é o valor pago pelo comprometimento de uma vida profissional "melhor" e "estável".
Acontece que hoje ninguém mais pode sequer passar uma tarde fora, oxalá um fim de semana inteiro totalmente offline sem precisar dar satisfação para esposa, filhos, sócios, credores, funcionários, porteiro, cachorro, papagaio...
Não sei onde encontrar a estabilidade nisso.
Não precisa juntar-se a mim e virar eremita insone. Não precisa abandonar a esposa e os filhos. Mas todo mundo precisa conhecer o lado selvagem da rua e de uma vida sem pares para poder dar valor ao que é realmente importante.
E isso tudo a gente pensa enquanto escuta Steppenwolf no som do carro durante os 45 minutos de congestionamento até o mercado e outros 45 minutos na fila do caixa e outros 45 minutos ao chegar em casa para ouvir que faltou comprar o leite desnatado de um bicho que não é vaca e o papel higiênico pompom perfumado.
Daqui a alguns anos você vai se perguntar porque não foi conhecer a Malásia ou Istambul, Porto Alegre ou Cuiabá, e finalmente vai descobrir que não tem a resposta. Simplesmente porque esqueceu da pergunta, para começo de conversa.
Basta cavar um buraco no chão e você chega na China. Mas agora não dá mais, a coluna e a artrite não deixam.
Paulo Rebêlo é jornalista, cronista e consultor.
hipopocaranga@terra.com.br
Fonte: Terra Magazine
"Hoje ninguém pode passar uma tarde fora, um fim de semana offline ou feriado sozinho sem precisar dar satisfação para esposa, filhos, sócios, credores, funcionários, porteiro, cachorro e papagaio."
Conheço um rol de tiozinhos que até hoje choram por dentro quando escutam a música Born to be wild.
Aos incautos, é um heavy metal de 1967, sucesso dos canadenses do Steppenwolf.
Mexe com os brios de todas as gerações desde então. As de ontem, choram pela liberdade pela qual tanto esperaram conseguir um dia. E as de hoje choram pela liberdade que nunca tiveram na vida.
Quando toca a música, eles pensam em jogar tudo para o alto, subir numa motoca e pegar a estrada. Sem rumo e sem expectativa. É quando o interfone toca e interrompe o delírio. É o entregador da farmácia trazendo o remédio para a febre das crianças.
Ou para o seu colesterol que atingiu o Everest de novo.
A cada dia que passa, fazer uma mochila e pegar a estrada, apenas pelo prazer de não saber o que encontrar, tornou-se um elixir impossível para as pessoas normais. Disponível apenas para selvagens. O por quê, ninguém sabe.
Ou sabem e não querem admitir.
Verdade, não temos a Harley Davidson do Peter Fonda e do Dennis Hopper. Nem somos selvagens feito o Mickey Rourke em cima daquela moto envenenada de Rumble Fish.
Mas não precisa. A gente pode dar um primeiro passo de bicicleta mesmo. Quem sabe com rodinhas laterais para ajudar na sustentação.
Dá para ir até a cidade ao lado. Pegar um ônibus, o carro de passeio, uma passagem na promoção.
Conhecer o vilarejo só por conhecer. Com olhos e ouvidos bem abertos, você encontra relíquias humanas e, se tiver sorte, depois de alguns anos termina encontrando a si mesmo. Vai estar lá, perdido entre fotografias e memórias a tiracolo.
Um exemplo glutão: uma das melhores bistecas de porco caseiras que já comi foi numa cidadezinha pernambucana chamada Angelim, a apenas 200 km de Recife. Obra de uma senhora que transformou a sala de casa em restaurante. E não faz a menor propaganda.
A lista de pequenas selvagerias é quase infinita. Algumas das pessoas mais interessantes que você vai conhecer, tenha certeza, estão nos lugares menos esperados. E nem precisa ir tão longe.
Se tudo der errado, você pode comer milho assado enquanto a criançada brinca no meio da pracinha como se não houvesse amanhã.
Porque, talvez para você e para um tanto de gente, aquelas crianças não têm amanhã. Para quem quase chora ao ouvir Born to be Wild, são crianças sem a menor perspectiva de futuro simplesmente porque nada acontece e todos os dias são exatamente iguais.
Dias bem diferentes dos seus, mas quão diferentes de iguais?
Ontem a vida era bem mais difícil e mesmo assim a gente conseguia atravessar oceanos, escalar montanhas e desbravar o sertão.
Hoje temos caixa eletrônico, cartão de crédito, celular no bolso, câmera digital, GPS e Google Maps. Tudo para facilitar nossa vida selvagem pelo desconhecido, mas ninguém quer sair do canto.
Seus amigos moderninhos vão dizer que é o preço do casamento, é o valor pago pelo comprometimento de uma vida profissional "melhor" e "estável".
Acontece que hoje ninguém mais pode sequer passar uma tarde fora, oxalá um fim de semana inteiro totalmente offline sem precisar dar satisfação para esposa, filhos, sócios, credores, funcionários, porteiro, cachorro, papagaio...
Não sei onde encontrar a estabilidade nisso.
Não precisa juntar-se a mim e virar eremita insone. Não precisa abandonar a esposa e os filhos. Mas todo mundo precisa conhecer o lado selvagem da rua e de uma vida sem pares para poder dar valor ao que é realmente importante.
E isso tudo a gente pensa enquanto escuta Steppenwolf no som do carro durante os 45 minutos de congestionamento até o mercado e outros 45 minutos na fila do caixa e outros 45 minutos ao chegar em casa para ouvir que faltou comprar o leite desnatado de um bicho que não é vaca e o papel higiênico pompom perfumado.
Daqui a alguns anos você vai se perguntar porque não foi conhecer a Malásia ou Istambul, Porto Alegre ou Cuiabá, e finalmente vai descobrir que não tem a resposta. Simplesmente porque esqueceu da pergunta, para começo de conversa.
Basta cavar um buraco no chão e você chega na China. Mas agora não dá mais, a coluna e a artrite não deixam.
Paulo Rebêlo é jornalista, cronista e consultor.
hipopocaranga@terra.com.br
Fonte: Terra Magazine
Estado Assassino: Denúncia reacende polêmica nuclear no Oriente Médio - Carta Maior
Estado Assassino: Denúncia reacende polêmica nuclear no Oriente Médio - Carta Maior
Documentos secretos da África do Sul revelam que Israel tentou vender armas nucleares para o país africano na época do apartheid, configurando-se como o primeiro documento oficial que evidencia que os israelenses possuem arsenal nuclear, informou o jornal britânico The Guardian. Em comunicado oficial, a presidência de Israel afirma que "não existe base de realidade alguma" na informação publicada pelo jornal.
Redação
Os documentos em questão, diz o jornal, são minutas de reuniões entre membros dos governos dos dois países realizadas em 1975. Na ata, ministro da Defesa sul-africano na época, PW Botha, perguntou sobre as ogivas e o então ministro da Defesa de Israel, Shimon Peres, ofereceu as armas "em três tamanhos" — referindo-se a armas convencionais, químicas e nucleares. Shimon Peres é o atual presidente israelense.
Os dois ministros ainda assinaram um acordo de cooperação militar entre os dois países, sendo que o próprio acordo continha uma cláusula que determinava o mesmo deveria se manter secreto. Segundo o jornal britânico, os documentos foram descobertos pelo pesquisador americano Sasha Polakow-Suransky, que estuda a relação entre Israel e África do Sul e escreveu um livro sobre o tema.
O documento é a primeira evidência real de que Israel possui armas nucleares, a despeito de sua política de nem negar nem confirmar que possui este tipo de armamento. Além disso, a revelação deixa um duplo embaraço diplomático para Israel. O primeiro é que cairia por terra um possível argumento israelense de que, mesmo que tivesse armas nucleares, seria um país "responsável" o suficiente para mantê-las, uma vez que tentou vender o arsenal para outro país.
O segundo é que nesta semana haverá discussões na ONU sobre sanções contra o Irã — país adversário de Israel — devido ao programa nuclear do país persa. Os israelenses estão entre os países que mais pressionam pelas sanções.
As atas das reuniões mostram ainda que os militares sul-africanos desejavam obter armas nucleares para ter um elemento de dissuasão ou até para potenciais conflitos contra países vizinhos.
Israel negou nesta segunda-feira que seu atual presidente, Shimon Peres, tenha oferecido em 1975 ogivas nucleares à África do Sul.
Em comunicado oficial, a presidência de Israel afirma que "não existe base de realidade alguma" na informação publicada pelo jornal. "Israel nunca negociou armas nucleares com a África do Sul. Não existe um só documento israelense ou uma só assinatura israelense em documento algum",diz a nota. A presidência israelense anunciou que enviará uma "contundente carta" ao diretor do jornal e pedirá "a publicação da verdade sobre os fatos".
A nota não afirma nem nega que Israel possua armas nucleares.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/
Documentos secretos da África do Sul revelam que Israel tentou vender armas nucleares para o país africano na época do apartheid, configurando-se como o primeiro documento oficial que evidencia que os israelenses possuem arsenal nuclear, informou o jornal britânico The Guardian. Em comunicado oficial, a presidência de Israel afirma que "não existe base de realidade alguma" na informação publicada pelo jornal.
Redação
Os documentos em questão, diz o jornal, são minutas de reuniões entre membros dos governos dos dois países realizadas em 1975. Na ata, ministro da Defesa sul-africano na época, PW Botha, perguntou sobre as ogivas e o então ministro da Defesa de Israel, Shimon Peres, ofereceu as armas "em três tamanhos" — referindo-se a armas convencionais, químicas e nucleares. Shimon Peres é o atual presidente israelense.
Os dois ministros ainda assinaram um acordo de cooperação militar entre os dois países, sendo que o próprio acordo continha uma cláusula que determinava o mesmo deveria se manter secreto. Segundo o jornal britânico, os documentos foram descobertos pelo pesquisador americano Sasha Polakow-Suransky, que estuda a relação entre Israel e África do Sul e escreveu um livro sobre o tema.
O documento é a primeira evidência real de que Israel possui armas nucleares, a despeito de sua política de nem negar nem confirmar que possui este tipo de armamento. Além disso, a revelação deixa um duplo embaraço diplomático para Israel. O primeiro é que cairia por terra um possível argumento israelense de que, mesmo que tivesse armas nucleares, seria um país "responsável" o suficiente para mantê-las, uma vez que tentou vender o arsenal para outro país.
O segundo é que nesta semana haverá discussões na ONU sobre sanções contra o Irã — país adversário de Israel — devido ao programa nuclear do país persa. Os israelenses estão entre os países que mais pressionam pelas sanções.
As atas das reuniões mostram ainda que os militares sul-africanos desejavam obter armas nucleares para ter um elemento de dissuasão ou até para potenciais conflitos contra países vizinhos.
Israel negou nesta segunda-feira que seu atual presidente, Shimon Peres, tenha oferecido em 1975 ogivas nucleares à África do Sul.
Em comunicado oficial, a presidência de Israel afirma que "não existe base de realidade alguma" na informação publicada pelo jornal. "Israel nunca negociou armas nucleares com a África do Sul. Não existe um só documento israelense ou uma só assinatura israelense em documento algum",diz a nota. A presidência israelense anunciou que enviará uma "contundente carta" ao diretor do jornal e pedirá "a publicação da verdade sobre os fatos".
A nota não afirma nem nega que Israel possua armas nucleares.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/
segunda-feira, 24 de maio de 2010
A fúria da faixa industrial dos Estados Unidos - Por Noam Chomsky
A fúria da faixa industrial dos Estados Unidos - Por Noam Chomsky
Em 18 de fevereiro, Joe Stack, um engenheiro de computação de 53 anos de idade, suicidou-se chocando seu pequeno avião contra um edifício em Austin, Texas, destruindo um escritório do Serviço de Arrecadação Fiscal (IRS, na sua sigla em inglês), matando outra pessoa e ferindo várias mais no ato.
Stack deixou um manifesto contra o governo que explicava suas ações. A história começa quando ele era um adolescente que vivia na penúria em Harrisburg, Pensilvânia, próximo ao coração do que alguma vez foi um grande centro industrial.
Sua vizinha, uma octogenária que sobrevivia com alimento para gatos, era a viúva de um operário metalúrgico aposentado. Seu esposo trabalhara toda a sua vida nas fundições do centro da Pensilvânia, confiante nas promessas das grandes empresas e do sindicato de que, por seus 30 anos de serviço, teria uma pensão e assistência médica durante sua aposentadoria.
"Em vez disso, foi um dos milhares que não receberam nada porque a incompetente administração das fundições e o sindicato corrupto (para não mencionar o governo) incursionaram em seus fundos de pensões e roubaram sua aposentadoria. O único que ela tinha para viver era a seguridade social".
Poderia haver acrescentado que os muito ricos e seus aliados políticos prosseguem tratando de acabar com a seguridade social.
Stack decidiu que não poderia confiar nas grandes empresas e que empreenderia seu próprio caminho, só para descobrir que tampouco poderia confiar num governo ao qual não lhe interessava as pessoas como ele, mas só os ricos e privilegiados; ou em um sistema legal no qual "há duas 'interpretações' de cada lei, uma para os muito ricos e outra para todos nós".
O governo nos deixa com "a piada que chamamos de sistema de saúde estadunidense, incluídas as companhias farmacêuticas e de seguros (que) estão assassinando dezenas de milhares de pessoas ao ano", pois racionam a assistência, em grande medida, com base na riqueza e não na necessidade.
Stack remonta a origem destes males a uma ordem social na qual "um punhado de rufiões e saqueadores podem cometer atrocidades impensáveis... e quando é a hora de que sua fonte de dinheiro fácil se esgote sob o peso de sua cobiça e de sua estupidez opressora, a força de todo o governo federal não tem dificuldade de acudir em sua ajuda em questão de dias, se não é de horas".
O manifesto de Stack termina com duas frases evocadoras: "O credo comunista: de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade. O credo capitalista: que cada um dê segundo sua ingenuidade, que cada um receba segundo sua cobiça".
Estudos comovedores das zonas industriais abandonadas dos Estados Unidos revelam uma indignação comparável entre os indivíduos que foram deslocados à medida que os programas corporativo-estatais fecham fábricas e destroem famílias e comunidades.
Uma aguda sensação de traição se percebe nas pessoas que aceditavam que haviam cumprido seu dever com a sociedade num pacto moral com as empresas e o governo, só para descobrirem que foram instrumentos do lucro e do poder.
Existem semelhanças assombrosas na China, a segunda maior economia do mundo, investigada pela especialista da UCLA Ching Kwan Lee.
Lee comparou a indignação e o desespero da classe operária nos descartados setores industriais dos Estados Unidos com o que ela chama de a zona industrial da China: o centro industrial socialista estatal no nordeste, agora abandonado pelo desenvolvimento da zona de rápido crescimento no sudeste.
Em ambas as regiões, Lee encontrou protestos laborais maciços, mas de diferentes características. Na zona industrial abandonada, os operários expressam a mesma sensação de traição que suas contrapartes nos EE.UU.; em seu caso, a traição dos princípios maoístas de solidariedade e dedicação ao desenvolvimento da sociedade que eles consideravam um pacto social, só para descobrir que, fosse o que fosse, agora é uma amarga fraude.
Em todo o país, vintenas de milhões de milhões de trabalhadores separados de suas unidades de trabalho "estão embargados por uma profunda sensação de insegurança" que engendra "fúria e desespero", escreve Lee.
O trabalho de Lee e estudos da zona industrial abandonada dos Estados Unidos deixam claro que não deveríamos subestimar a profundidade da indignação moral que radica por trás da amargura furiosa, a miúdo autodestrutiva, em relação ao governo e ao poder empresarial.
Nos Estados Unidos, o movimento populista chamado Tea Party - e mais ainda nos círculos mais amplos a que chega - reflete o espírito da desilusão. O extremismo antifiscal do Tea Party não é tão imediatamente suicida como o protesto de Joe Stack, mas não obstante é suicida.
Atualmente, a Califórnia é um exemplo dramático. O maior sistema público de educação superior do mundo está sendo desmantelado.
O governador Arnold Schwarzenegger diz que terá que eliminar os programas estatais de saúde e de assistência social, a menos que o governo federal aporte uns 7.000 milhões de dólares. Outros governadores estão se unindo a ele.
Enquanto isso, um poderoso movimento recente pelos direitos dos estados está demandando que o governo federal não se meta em nossos assuntos, um bom exemplo do que Orwell chamou "duplo pensar": a capacidade de ter em mente duas ideias contraditórias quando se acredita em ambas, praticamente um lema de nossos tempos.
A situação da Califórnia é o resultado, em grande parte, de um fanatismo antifiscal. É muito similar em outras partes, inclusive em subúrbios ricos.
Alentar o sentimento antifiscal tem caracterizado a propaganda empresarial. As pessoas devem ser doutrinadas para odiar e temer o governo por boas razões: dos sistemas de poder existentes, o governo é o único que, a princípio e ocasionalmente de fato, responde ao público e pode restringir as depredações do poder privado.
Entretanto, a propaganda antigovernamental deve ser matizada. As empresas, por suposto, favorecem um Estado poderoso que trabalhe para as instituições multinacionais e financeiras, e inclusive as resgate quando destroem a economia.
Mas, num exercício brilhante de duplo pensamento, as pessoas são levadas a odiar e temer o déficit. Dessa forma, os sócios das empresas em Washington poderiam acordar a redução de benefícios sociais e direitos como a seguridade social (mas não os resgates).
Ao mesmo tempo, as pessoas não deveriam opor-se ao que, em grande medida, está criando o déficit: o crescente orçamento militar e o sistema de assistência médica privatizado completamente ineficiente.
É fácil ridiculizar como Joe Stack e outros como ele expressam suas inquietações, mas é muito mais apropriado compreender o que está por trás de suas percepções e ações numa época em que as pessoas com verdadeiros motivos de queixa estão sendo mobilizadas em formas que representam um grande perigo para elas mesmas e para os outros.
*Noam Chomsky é professor emérito de linguística e filosofia no Instituto Tecnológico de Massachusetts, em Cambridge, Massachusetts.
Fonte: CubaDebate
Tradução: Sergio Granja, para o Pravda.Ru
Retirado do: Opera Mundi
Em 18 de fevereiro, Joe Stack, um engenheiro de computação de 53 anos de idade, suicidou-se chocando seu pequeno avião contra um edifício em Austin, Texas, destruindo um escritório do Serviço de Arrecadação Fiscal (IRS, na sua sigla em inglês), matando outra pessoa e ferindo várias mais no ato.
Stack deixou um manifesto contra o governo que explicava suas ações. A história começa quando ele era um adolescente que vivia na penúria em Harrisburg, Pensilvânia, próximo ao coração do que alguma vez foi um grande centro industrial.
Sua vizinha, uma octogenária que sobrevivia com alimento para gatos, era a viúva de um operário metalúrgico aposentado. Seu esposo trabalhara toda a sua vida nas fundições do centro da Pensilvânia, confiante nas promessas das grandes empresas e do sindicato de que, por seus 30 anos de serviço, teria uma pensão e assistência médica durante sua aposentadoria.
"Em vez disso, foi um dos milhares que não receberam nada porque a incompetente administração das fundições e o sindicato corrupto (para não mencionar o governo) incursionaram em seus fundos de pensões e roubaram sua aposentadoria. O único que ela tinha para viver era a seguridade social".
Poderia haver acrescentado que os muito ricos e seus aliados políticos prosseguem tratando de acabar com a seguridade social.
Stack decidiu que não poderia confiar nas grandes empresas e que empreenderia seu próprio caminho, só para descobrir que tampouco poderia confiar num governo ao qual não lhe interessava as pessoas como ele, mas só os ricos e privilegiados; ou em um sistema legal no qual "há duas 'interpretações' de cada lei, uma para os muito ricos e outra para todos nós".
O governo nos deixa com "a piada que chamamos de sistema de saúde estadunidense, incluídas as companhias farmacêuticas e de seguros (que) estão assassinando dezenas de milhares de pessoas ao ano", pois racionam a assistência, em grande medida, com base na riqueza e não na necessidade.
Stack remonta a origem destes males a uma ordem social na qual "um punhado de rufiões e saqueadores podem cometer atrocidades impensáveis... e quando é a hora de que sua fonte de dinheiro fácil se esgote sob o peso de sua cobiça e de sua estupidez opressora, a força de todo o governo federal não tem dificuldade de acudir em sua ajuda em questão de dias, se não é de horas".
O manifesto de Stack termina com duas frases evocadoras: "O credo comunista: de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade. O credo capitalista: que cada um dê segundo sua ingenuidade, que cada um receba segundo sua cobiça".
Estudos comovedores das zonas industriais abandonadas dos Estados Unidos revelam uma indignação comparável entre os indivíduos que foram deslocados à medida que os programas corporativo-estatais fecham fábricas e destroem famílias e comunidades.
Uma aguda sensação de traição se percebe nas pessoas que aceditavam que haviam cumprido seu dever com a sociedade num pacto moral com as empresas e o governo, só para descobrirem que foram instrumentos do lucro e do poder.
Existem semelhanças assombrosas na China, a segunda maior economia do mundo, investigada pela especialista da UCLA Ching Kwan Lee.
Lee comparou a indignação e o desespero da classe operária nos descartados setores industriais dos Estados Unidos com o que ela chama de a zona industrial da China: o centro industrial socialista estatal no nordeste, agora abandonado pelo desenvolvimento da zona de rápido crescimento no sudeste.
Em ambas as regiões, Lee encontrou protestos laborais maciços, mas de diferentes características. Na zona industrial abandonada, os operários expressam a mesma sensação de traição que suas contrapartes nos EE.UU.; em seu caso, a traição dos princípios maoístas de solidariedade e dedicação ao desenvolvimento da sociedade que eles consideravam um pacto social, só para descobrir que, fosse o que fosse, agora é uma amarga fraude.
Em todo o país, vintenas de milhões de milhões de trabalhadores separados de suas unidades de trabalho "estão embargados por uma profunda sensação de insegurança" que engendra "fúria e desespero", escreve Lee.
O trabalho de Lee e estudos da zona industrial abandonada dos Estados Unidos deixam claro que não deveríamos subestimar a profundidade da indignação moral que radica por trás da amargura furiosa, a miúdo autodestrutiva, em relação ao governo e ao poder empresarial.
Nos Estados Unidos, o movimento populista chamado Tea Party - e mais ainda nos círculos mais amplos a que chega - reflete o espírito da desilusão. O extremismo antifiscal do Tea Party não é tão imediatamente suicida como o protesto de Joe Stack, mas não obstante é suicida.
Atualmente, a Califórnia é um exemplo dramático. O maior sistema público de educação superior do mundo está sendo desmantelado.
O governador Arnold Schwarzenegger diz que terá que eliminar os programas estatais de saúde e de assistência social, a menos que o governo federal aporte uns 7.000 milhões de dólares. Outros governadores estão se unindo a ele.
Enquanto isso, um poderoso movimento recente pelos direitos dos estados está demandando que o governo federal não se meta em nossos assuntos, um bom exemplo do que Orwell chamou "duplo pensar": a capacidade de ter em mente duas ideias contraditórias quando se acredita em ambas, praticamente um lema de nossos tempos.
A situação da Califórnia é o resultado, em grande parte, de um fanatismo antifiscal. É muito similar em outras partes, inclusive em subúrbios ricos.
Alentar o sentimento antifiscal tem caracterizado a propaganda empresarial. As pessoas devem ser doutrinadas para odiar e temer o governo por boas razões: dos sistemas de poder existentes, o governo é o único que, a princípio e ocasionalmente de fato, responde ao público e pode restringir as depredações do poder privado.
Entretanto, a propaganda antigovernamental deve ser matizada. As empresas, por suposto, favorecem um Estado poderoso que trabalhe para as instituições multinacionais e financeiras, e inclusive as resgate quando destroem a economia.
Mas, num exercício brilhante de duplo pensamento, as pessoas são levadas a odiar e temer o déficit. Dessa forma, os sócios das empresas em Washington poderiam acordar a redução de benefícios sociais e direitos como a seguridade social (mas não os resgates).
Ao mesmo tempo, as pessoas não deveriam opor-se ao que, em grande medida, está criando o déficit: o crescente orçamento militar e o sistema de assistência médica privatizado completamente ineficiente.
É fácil ridiculizar como Joe Stack e outros como ele expressam suas inquietações, mas é muito mais apropriado compreender o que está por trás de suas percepções e ações numa época em que as pessoas com verdadeiros motivos de queixa estão sendo mobilizadas em formas que representam um grande perigo para elas mesmas e para os outros.
*Noam Chomsky é professor emérito de linguística e filosofia no Instituto Tecnológico de Massachusetts, em Cambridge, Massachusetts.
Fonte: CubaDebate
Tradução: Sergio Granja, para o Pravda.Ru
Retirado do: Opera Mundi
Pirata é a mãe! - Por Leonardo Brant
Pirata é a mãe! - Por Leonardo Brant
O que é pirataria? Quem são os verdadeiros usurpadores do conhecimento alheio? Quem a pirataria beneficia? E quem atinge? Podemos considerar piratas crianças e jovens que compartilham arquivos, se apropriando do conhecimento gerado por nossa civilização? Quem é o autor de uma obra remixada? Existe obra 100% original? Como sobreviverá o artista diante da proliferação da dita “pirataria”? E a indústria cultural, é necessária numa época de compartilhamento de dados pier-to-pier?
O compartilhamento de arquivos e conteúdos culturais é uma realidade da cultura contemporânea, sobretudo com o avanço do acesso às tecnologias de comunicação e informação e à banda larga. A discrepância entre essa nova cultura e as leis que protegem os detentores dos direitos patrimoniais de obras de interesse público torna-se gritante e anacrônica.
A legislação de muitos países – inclusive o Brasil – está em pleno precesso de mudança, com uma certa tendência ao recrudecimento das leis, cerceando as práticas de circulação de conteúdos culturais e a criminalizando o download. No âmbito internacional, presenciamos o surgimento do ACTA, que pode ser traduzido como Acordo Comercial Anti-Falsificação, arquitetado a portas fechadas.
Este assunto é dos mais importantes, não só para as políticas de cultura, mas para qualquer projeto de desenvolvimento, pois confronta diretamente o mercado estabelecido e altamente concentrado, nas mãos de um número muito reduzido de conglomerados de comunicação, que juntos dominam mais de 80% do mercado mundial do imaginário.
De outro lado, fica a dúvida de como artistas, compositores e escritores poderiam se sustentar, sem a garantia do direito de autor, elemento indispensável para o estímulo à criação. Este é o direito cultural mais antigo, presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Carta Magna brasileira. Mas será que a dita “pirataria” impõe sérias restrições ao artista em sua luta por sobrevivência?
Na luta contra a concentração de poder das corporações o autor não pode ser deixado de lado. Já vivemos uma espécie de ressaca dos tempos de livre circulação, sobretudo na música. Em um momento de euforia cidadã, muitos compositores, fotógrafos, escritores, liberaram suas obras para livre circulação, mesmo sem saber como iriam sobreviver delas mais tarde. Em alguns casos, essa atitude gerou liberdade, inserção de mercado, possibilidade de circulação e ganhos efetivos em outros nós da cadeia produtiva, como a realização de shows e vendas online. Mas em outros gerou frustração, pois os novos mercados exigem determinadas habilidades que nem todos os autores têm.
O conhecimento por nós produzido deve ser acessível a todos. O acesso a esse conhecimento não pode ser decido por corporações, tampouco financiado por artistas. Faz-se necessária a discussão do papel do Estado e do mercado na defesa desses interesses contraditórios.
São muitas perguntas incômodas a serem respondidas. As respostas dependem de articulação, de vontade política, de pressão. E principalmente de discussão e propostas de caminhos viáveis para uma transição saudável e viável de modelos econômicos.
Longe de estar resolvida, a questão gera uma guerra que envolve diplomacia, um poderoso lobby e interfere diretamente na vida de todos nós que criamos e desejamos fazer circular nossas obras.
Enquanto isso, na sala de justiça: Pirata é a Mãe!
Fonte: http://www.culturaemercado.com.br/
O que é pirataria? Quem são os verdadeiros usurpadores do conhecimento alheio? Quem a pirataria beneficia? E quem atinge? Podemos considerar piratas crianças e jovens que compartilham arquivos, se apropriando do conhecimento gerado por nossa civilização? Quem é o autor de uma obra remixada? Existe obra 100% original? Como sobreviverá o artista diante da proliferação da dita “pirataria”? E a indústria cultural, é necessária numa época de compartilhamento de dados pier-to-pier?
O compartilhamento de arquivos e conteúdos culturais é uma realidade da cultura contemporânea, sobretudo com o avanço do acesso às tecnologias de comunicação e informação e à banda larga. A discrepância entre essa nova cultura e as leis que protegem os detentores dos direitos patrimoniais de obras de interesse público torna-se gritante e anacrônica.
A legislação de muitos países – inclusive o Brasil – está em pleno precesso de mudança, com uma certa tendência ao recrudecimento das leis, cerceando as práticas de circulação de conteúdos culturais e a criminalizando o download. No âmbito internacional, presenciamos o surgimento do ACTA, que pode ser traduzido como Acordo Comercial Anti-Falsificação, arquitetado a portas fechadas.
Este assunto é dos mais importantes, não só para as políticas de cultura, mas para qualquer projeto de desenvolvimento, pois confronta diretamente o mercado estabelecido e altamente concentrado, nas mãos de um número muito reduzido de conglomerados de comunicação, que juntos dominam mais de 80% do mercado mundial do imaginário.
De outro lado, fica a dúvida de como artistas, compositores e escritores poderiam se sustentar, sem a garantia do direito de autor, elemento indispensável para o estímulo à criação. Este é o direito cultural mais antigo, presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Carta Magna brasileira. Mas será que a dita “pirataria” impõe sérias restrições ao artista em sua luta por sobrevivência?
Na luta contra a concentração de poder das corporações o autor não pode ser deixado de lado. Já vivemos uma espécie de ressaca dos tempos de livre circulação, sobretudo na música. Em um momento de euforia cidadã, muitos compositores, fotógrafos, escritores, liberaram suas obras para livre circulação, mesmo sem saber como iriam sobreviver delas mais tarde. Em alguns casos, essa atitude gerou liberdade, inserção de mercado, possibilidade de circulação e ganhos efetivos em outros nós da cadeia produtiva, como a realização de shows e vendas online. Mas em outros gerou frustração, pois os novos mercados exigem determinadas habilidades que nem todos os autores têm.
O conhecimento por nós produzido deve ser acessível a todos. O acesso a esse conhecimento não pode ser decido por corporações, tampouco financiado por artistas. Faz-se necessária a discussão do papel do Estado e do mercado na defesa desses interesses contraditórios.
São muitas perguntas incômodas a serem respondidas. As respostas dependem de articulação, de vontade política, de pressão. E principalmente de discussão e propostas de caminhos viáveis para uma transição saudável e viável de modelos econômicos.
Longe de estar resolvida, a questão gera uma guerra que envolve diplomacia, um poderoso lobby e interfere diretamente na vida de todos nós que criamos e desejamos fazer circular nossas obras.
Enquanto isso, na sala de justiça: Pirata é a Mãe!
Fonte: http://www.culturaemercado.com.br/
Estado Assassino: Israel, a “democracia” tentou vender bombas atômicas ao regime do Apartheid.
Israel, a “democracia” tentou vender bombas atômicas ao regime do Apartheid
Uma série de documentos secretos da África do Sul revelam que Israel pretendia vender ao regime de “apartheid” sul-africano ogivas nucleares na década de 1970, sustenta na edição de hoje o diário britânico “The Guardian”.
Segundo aquele jornal, que terá tido acesso aos documentos descobertos por um académico norte-americano, as reuniões secretas entre altos funcionários dos dois países – que ocorreram em 1975 – demonstram que o então ministro israelita da Defesa e actual Presidente de Israel, Shimon Peres, ofereceu “três tamanhos diferentes” de ogivas ao homólogo sul-africano, PW Botha.
Peres e Botha tiveram mesmo um encontro a dois sobre o assunto,a 31 de Março de 1975.
A documentação dá ainda conta da existência de um acordo estratégico de cooperação militar entre Israel e a África do Sul, em que os Governos de ambos os países se comprometem explicitamente que as menções ao material nuclear “devem permanecer secretas”.
As informações constantes nestes documentos vêm, assim, trazer à luz provas de que Israel possui armamento nuclear, apesar da política de “ambiguidade” sempre seguida pelas autoridades israelitas, que não confirmam nem desmentem a existência de tal arsenal.
Os documentos foram descobertos por Sasha Polakow-Suransky, por um acaso, quando pesquisava – e copiava – documentos sobre as estreitas relações diplomáticas entre Israel e a África do Sul no período do “apartheid”.
Avança o “Guardian” que as autoridades israelitas tentaram bloquear o acesso do académico àqueles documentos, pressionando as autoridades sul-africanas pós-“apartheid” a não tirarem o estatuto secreto à documentação – os quais mostram ainda que a África do Sul pretendia obter as ogivas para que funcionassem como instrumento de dissuasão que potencialmente alcançasse os países vizinhos.
Fonte: http://www.estadoanarquista.org/blog/
Israel nega acordo de venda de armas nucleares à África do Sul - BBC-Brasil 24.05.2010
O presidente de Israel, Shimon Peres, desmentiu nesta segunda-feira uma reportagem do jornal britânico The Guardian que revelou documentos que supostamente comprovam a tentativa do governo israelense de vender, em 1975, armas nucleares à África do Sul.
A matéria do jornal alega que documentos secretos tornados públicos pelo governo sul-africano revelam que Israel ofereceu ogivas nucleares para o então regime do apartheid.
Segundo o jornal, os documentos seriam as primeiras evidências oficiais de que Israel possui bombas atômicas.
O governo israelense jamais negou nem confirmou ter armas nucleares.
O jornal diz que os então ministros da Defesa sul-africano, P.W. Botha, e israelense, Shimon Peres tiveram um encontro secreto em 1975, no qual Botha teria perguntado por armas nucleares e Peres teria respondido que Israel poderia oferecê-las em "três tamanhos", incluindo mísseis balísticos Jericó.
Segundo o Guardian, um acordo nuclear só não foi levado adiante por causa dos custos.
O diário britânico também publicou a foto de um acordo secreto de cooperação militar entre os dois países, assinado por Botha e Peres.
Fontes do governo israelense ouvidas pelo jornal Jerusalem Post dizem não ter dúvidas "de que os papéis que supostamente documentavam um acordo de venda de mísseis nucleares são completamente fabricados".
"Nós lamentamos que o jornal não achou certo que deveria perguntar por uma resposta oficial e examinar os fatos com fontes oficiais israelenses", disse o gabinete do presidente Peres ao jornal.
Acordo militar Os documentos secretos foram levantados pelo acadêmico americano Sasha Polakow-Suransky para seu livro sobre a aliança secreta entre Israel e o regime do apartheid da África do Sul.
O Guardian ainda revela que o governo israelense tentou impedir que o governo sul-africano tornasse públicos os documentos solicitados por Polakow-Suransky, alegando que as revelações seriam constrangedoras para Israel, justamente em meio a conversas da comunidade internacional em torno da não-proliferação de armas nucleares de outros países.
A extensão do poderio nuclear de Israel é mantida em segredo e qualquer tentativa de revelar detalhes sobre seu suposto programa de armas atômicas é duramente punida.
No domingo, o ex-técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu, que passou 18 anos preso por ter revelado a um jornal britânico que Israel possuía armas nucleares, voltou a ser detido para cumprir uma nova pena de três meses por ter violado os termos de sua libertação condicional em 2004.
Em 1986, Vanunu, que era técnico na usina nuclear de Dimona, no sul de Israel, entregou fotos da usina e revelou detalhes de processos de produção de material nuclear no local ao jornal Sunday Times Por violar um contrato de sigilo, Vanunu foi sequestrado por agentes do serviço secreto israelense, o Mossad, na Itália, acusado de traição e espionagem, e condenado à prisão.
Solto em 2004, ele continua sob vigilância e proibido de ter contatos com estrangeiros e viajar sem permissão do governo. Em dezembro, Vanunu, de 55 anos, foi detido novamente em um hotel em Jerusalém quando conversava com uma mulher norueguesa.
Passaportes falsos Ainda nesta segunda-feira, a Austrália expulsou um diplomata israelense dizendo que Israel esteva por trás da falsificação de passaportes australianos usados por agentes que mataram um comandante do grupo palestinos Hamas em um hotel em Dubai.
O governo australiano declarou que a conduta de Israel no caso "não foi a ação de um país amigo".
Mahmoud al-Mabhouh foi morto em janeiro por pessoas que usavam passaportes da França, Irlanda, Alemanha, Reino Unido e Austrália.
O governo britânico já havia expulsado um diplomata israelense em março, dizendo que havia fortes evidências de que Israel teria organizado a falsificação de passaportes do país.
O governo israelense disse que não havia provas de que estava por trás do assassinato. No entanto, as autoridades de Dubai disseram que estavam 99,9% certos de que agentes do Mossad eram os autores da morte de Mabhouh.
Uma série de documentos secretos da África do Sul revelam que Israel pretendia vender ao regime de “apartheid” sul-africano ogivas nucleares na década de 1970, sustenta na edição de hoje o diário britânico “The Guardian”.
Segundo aquele jornal, que terá tido acesso aos documentos descobertos por um académico norte-americano, as reuniões secretas entre altos funcionários dos dois países – que ocorreram em 1975 – demonstram que o então ministro israelita da Defesa e actual Presidente de Israel, Shimon Peres, ofereceu “três tamanhos diferentes” de ogivas ao homólogo sul-africano, PW Botha.
Peres e Botha tiveram mesmo um encontro a dois sobre o assunto,a 31 de Março de 1975.
A documentação dá ainda conta da existência de um acordo estratégico de cooperação militar entre Israel e a África do Sul, em que os Governos de ambos os países se comprometem explicitamente que as menções ao material nuclear “devem permanecer secretas”.
As informações constantes nestes documentos vêm, assim, trazer à luz provas de que Israel possui armamento nuclear, apesar da política de “ambiguidade” sempre seguida pelas autoridades israelitas, que não confirmam nem desmentem a existência de tal arsenal.
Os documentos foram descobertos por Sasha Polakow-Suransky, por um acaso, quando pesquisava – e copiava – documentos sobre as estreitas relações diplomáticas entre Israel e a África do Sul no período do “apartheid”.
Avança o “Guardian” que as autoridades israelitas tentaram bloquear o acesso do académico àqueles documentos, pressionando as autoridades sul-africanas pós-“apartheid” a não tirarem o estatuto secreto à documentação – os quais mostram ainda que a África do Sul pretendia obter as ogivas para que funcionassem como instrumento de dissuasão que potencialmente alcançasse os países vizinhos.
Fonte: http://www.estadoanarquista.org/blog/
Israel nega acordo de venda de armas nucleares à África do Sul - BBC-Brasil 24.05.2010
O presidente de Israel, Shimon Peres, desmentiu nesta segunda-feira uma reportagem do jornal britânico The Guardian que revelou documentos que supostamente comprovam a tentativa do governo israelense de vender, em 1975, armas nucleares à África do Sul.
A matéria do jornal alega que documentos secretos tornados públicos pelo governo sul-africano revelam que Israel ofereceu ogivas nucleares para o então regime do apartheid.
Segundo o jornal, os documentos seriam as primeiras evidências oficiais de que Israel possui bombas atômicas.
O governo israelense jamais negou nem confirmou ter armas nucleares.
O jornal diz que os então ministros da Defesa sul-africano, P.W. Botha, e israelense, Shimon Peres tiveram um encontro secreto em 1975, no qual Botha teria perguntado por armas nucleares e Peres teria respondido que Israel poderia oferecê-las em "três tamanhos", incluindo mísseis balísticos Jericó.
Segundo o Guardian, um acordo nuclear só não foi levado adiante por causa dos custos.
O diário britânico também publicou a foto de um acordo secreto de cooperação militar entre os dois países, assinado por Botha e Peres.
Fontes do governo israelense ouvidas pelo jornal Jerusalem Post dizem não ter dúvidas "de que os papéis que supostamente documentavam um acordo de venda de mísseis nucleares são completamente fabricados".
"Nós lamentamos que o jornal não achou certo que deveria perguntar por uma resposta oficial e examinar os fatos com fontes oficiais israelenses", disse o gabinete do presidente Peres ao jornal.
Acordo militar Os documentos secretos foram levantados pelo acadêmico americano Sasha Polakow-Suransky para seu livro sobre a aliança secreta entre Israel e o regime do apartheid da África do Sul.
O Guardian ainda revela que o governo israelense tentou impedir que o governo sul-africano tornasse públicos os documentos solicitados por Polakow-Suransky, alegando que as revelações seriam constrangedoras para Israel, justamente em meio a conversas da comunidade internacional em torno da não-proliferação de armas nucleares de outros países.
A extensão do poderio nuclear de Israel é mantida em segredo e qualquer tentativa de revelar detalhes sobre seu suposto programa de armas atômicas é duramente punida.
No domingo, o ex-técnico nuclear israelense Mordechai Vanunu, que passou 18 anos preso por ter revelado a um jornal britânico que Israel possuía armas nucleares, voltou a ser detido para cumprir uma nova pena de três meses por ter violado os termos de sua libertação condicional em 2004.
Em 1986, Vanunu, que era técnico na usina nuclear de Dimona, no sul de Israel, entregou fotos da usina e revelou detalhes de processos de produção de material nuclear no local ao jornal Sunday Times Por violar um contrato de sigilo, Vanunu foi sequestrado por agentes do serviço secreto israelense, o Mossad, na Itália, acusado de traição e espionagem, e condenado à prisão.
Solto em 2004, ele continua sob vigilância e proibido de ter contatos com estrangeiros e viajar sem permissão do governo. Em dezembro, Vanunu, de 55 anos, foi detido novamente em um hotel em Jerusalém quando conversava com uma mulher norueguesa.
Passaportes falsos Ainda nesta segunda-feira, a Austrália expulsou um diplomata israelense dizendo que Israel esteva por trás da falsificação de passaportes australianos usados por agentes que mataram um comandante do grupo palestinos Hamas em um hotel em Dubai.
O governo australiano declarou que a conduta de Israel no caso "não foi a ação de um país amigo".
Mahmoud al-Mabhouh foi morto em janeiro por pessoas que usavam passaportes da França, Irlanda, Alemanha, Reino Unido e Austrália.
O governo britânico já havia expulsado um diplomata israelense em março, dizendo que havia fortes evidências de que Israel teria organizado a falsificação de passaportes do país.
O governo israelense disse que não havia provas de que estava por trás do assassinato. No entanto, as autoridades de Dubai disseram que estavam 99,9% certos de que agentes do Mossad eram os autores da morte de Mabhouh.
Calendário Histórico: 1920: Dadaísmo causa escândalo em Colônia
Calendário Histórico: 1920: Dadaísmo causa escândalo em Colônia
Max Ernst em foto de 1961
No dia 20 de abril de 1920, a polícia da cidade de Colônia, no noroeste da Alemanha, fechou a primeira exposição dadaísta, por considerá-la um atentado aos bons costumes.
O Dadaísmo havia começado em fevereiro de 1916, em Zurique, com a inauguração do ponto de encontro para artistas Cabaret Voltaire. Era uma tendência artística antiburguesa, baseada no irracional, e que trabalhou muito com colagens de imagens, sons e textos.
Humor e nonsense tinham um pano de fundo sério. A Primeira Guerra Mundial grassava. Pintores, poetas, pacifistas, filósofos e músicos de todas as nacionalidades se reuniam no Cabaret Voltaire, no solo neutro da Suíça.
"Eles eram contra a sociedade pequeno-burguesa decadente, contra autoridades na política e na Igreja e, de maneira não pouco significativa, contra o aparato da arte estabelecida", como explica Raimund Meyer, responsável pela exposição Dada Global, de 1994, em Zurique:
"Dada é espatifar aquilo que até então era válido, quer dizer, não mais utilizar a tinta a óleo para pintar, nem empregar a língua do modo como era usada na literatura. A arte deveria ficar ao acaso da natureza. Como por acidente, combinavam-se palavras achadas, letras, sílabas, produziam-se colagens de cores, materiais, palavras, movimentos e sons. Como que acidentalmente, nasceu o nome Dada, ao folhear um dicionário."
Tendência sem escola definida
Não havia uma orientação estilística determinada, nem uma escola definida, pois justamente isso levou à briga com os surrealistas, que podiam até flertar com os dadaístas, mas exigiam diretrizes claras. Em 9 de abril de 1919, o movimento encontrou seu apogeu e declínio numa gigantesca exposição de arte total, com poemas simultâneos e danças de máscaras ao som de música atonal.
Enquanto os dadaístas de Zurique preferiram ficar entre si, os de Colônia, liderados pelo artista plástico alemão Max Ernst, resolveram divulgar seu movimento ao público. Como não conseguissem os salões de um museu famoso para sua exposição, alugaram uma sala de cervejaria, cujo acesso era pelo banheiro masculino. O destaque da mostra foi Ernst, com 21 obras.
O jornal da cidade reportou a visita da seguinte maneira: "No começo, a falta de luz exige muito esforço para decifrar o catálogo, de letras pretas em fundo vermelho. Onde começa a ficar mais claro, o problema são as goteiras, de modo que exige certo heroísmo ver toda a exposição!"
Alegando pornografia e atentado à moral, entre outras coisas, a polícia fechou a exposição no dia 20 de abril de 1920, mas permitiu sua reabertura pouco tempo depois.
Otto Busch (rw)
Fonte: http://www.dw-world.de/
Max Ernst em foto de 1961
No dia 20 de abril de 1920, a polícia da cidade de Colônia, no noroeste da Alemanha, fechou a primeira exposição dadaísta, por considerá-la um atentado aos bons costumes.
O Dadaísmo havia começado em fevereiro de 1916, em Zurique, com a inauguração do ponto de encontro para artistas Cabaret Voltaire. Era uma tendência artística antiburguesa, baseada no irracional, e que trabalhou muito com colagens de imagens, sons e textos.
Humor e nonsense tinham um pano de fundo sério. A Primeira Guerra Mundial grassava. Pintores, poetas, pacifistas, filósofos e músicos de todas as nacionalidades se reuniam no Cabaret Voltaire, no solo neutro da Suíça.
"Eles eram contra a sociedade pequeno-burguesa decadente, contra autoridades na política e na Igreja e, de maneira não pouco significativa, contra o aparato da arte estabelecida", como explica Raimund Meyer, responsável pela exposição Dada Global, de 1994, em Zurique:
"Dada é espatifar aquilo que até então era válido, quer dizer, não mais utilizar a tinta a óleo para pintar, nem empregar a língua do modo como era usada na literatura. A arte deveria ficar ao acaso da natureza. Como por acidente, combinavam-se palavras achadas, letras, sílabas, produziam-se colagens de cores, materiais, palavras, movimentos e sons. Como que acidentalmente, nasceu o nome Dada, ao folhear um dicionário."
Tendência sem escola definida
Não havia uma orientação estilística determinada, nem uma escola definida, pois justamente isso levou à briga com os surrealistas, que podiam até flertar com os dadaístas, mas exigiam diretrizes claras. Em 9 de abril de 1919, o movimento encontrou seu apogeu e declínio numa gigantesca exposição de arte total, com poemas simultâneos e danças de máscaras ao som de música atonal.
Enquanto os dadaístas de Zurique preferiram ficar entre si, os de Colônia, liderados pelo artista plástico alemão Max Ernst, resolveram divulgar seu movimento ao público. Como não conseguissem os salões de um museu famoso para sua exposição, alugaram uma sala de cervejaria, cujo acesso era pelo banheiro masculino. O destaque da mostra foi Ernst, com 21 obras.
O jornal da cidade reportou a visita da seguinte maneira: "No começo, a falta de luz exige muito esforço para decifrar o catálogo, de letras pretas em fundo vermelho. Onde começa a ficar mais claro, o problema são as goteiras, de modo que exige certo heroísmo ver toda a exposição!"
Alegando pornografia e atentado à moral, entre outras coisas, a polícia fechou a exposição no dia 20 de abril de 1920, mas permitiu sua reabertura pouco tempo depois.
Otto Busch (rw)
Fonte: http://www.dw-world.de/
domingo, 23 de maio de 2010
Hardcore 90 - Uma história oral - Entrevista com Marcelo Fonseca - Por Zinismo
Hardcore 90 - Uma história oral - Entrevista com Marcelo Fonseca - Por Zinismo
HARDCORE 90 – UMA HISTÓRIA ORAL – É o nome temporário do documentário que está em processo de produção e que começou com um trabalho de mestrado feito pelo historiador Marcelo Fonseca. Esse processo pode ser acompanhando em tempo quase real através do blog onde são postadas as novidades. As entrevistas em vídeo podem ser conferidas através do canal do Youtube. Pode-se notar através destas entrevistas que algumas palavras surgem e se repetem em diversas falas, indicando alguns marcadores importantes para o delineamento da cena hardcore (principalmente, mas não só de São Paulo) como o movimento punk, juventude libertária, straight edge, a influência do skate e de algumas casas de show como o Black Jack e o Der Tempel. Interessante notar que muitas das entrevistas dão sequência aos eventos mostrados no documentário sobre o punk brasileiro (Botinada), permitindo uma visão muito peculiar sobre a cena punk/hardcore das duas décadas (anos 80 e 90).
ZINISMO: Em que pé está a produção e para quando você prevê a finalização do documentário?
MARCELO FONSECA: Em outubro completamos 1 ano de produção. Foi um período muito bom, por poder sentir como é se meter a fazer algo do tipo (coisa que eu nunca tinha feito até então). Legal rever amigos, conhecer amigos de amigos e ir sentindo a reação dos entrevistados, e das pessoas que tem apoiado o projeto. A idéia é fazer por volta de 100 entrevistas, nesta semana vamos gravar a número 38. Tem muito a se fazer ainda, digitalizar material de época, vhs, hi8, fotografias, fanzines, capas de disco, pessoas para encontrar... Detalhe que a equipe do documentário é praticamente de 2 pessoas, eu e o Fernando Alves que me ajuda filmando. Tudo é custeado por nós dois, mesmo que algumas pessoas já nos ajudaram por um tempo. Eu tinha a ambição de fechar o filme mais ou menos junto com o meu mestrado (História Social na PUC-SP) em 2011, que é quando eu tenho de defender a dissertação. Mas não vai rolar, além de tudo eu também trabalho, então uma previsão mais próxima da realidade, com tudo que quero fazer, aumenta o tempo em mais um ano, ou seja, comecinho de 2012.
Fale um pouco sobre o papel dos fanzines na cena hardcore dos anos 90:
Fundamental. Aliás, sempre teve, independente da cena ou das idéias que estavam presentes. Já na década de 80, eram os fanzines punks que tentavam politizar o movimento, cobrando o fim da violência das gangues. É um veículo que não minha opinião é a expressão máxima do “faça-você- mesmo”, e importante, pois todo meio social precisa ter comunicação. Uma só pessoa podia escrever, desenhar, xerocar, distribuir, da forma que quisesse, como e para quem lhe desse na telha. Na década de 90, a internet engatinhava, e os fanzines, amparados por uma rede gigante de correspondências que não era restrita somente o Brasil, “conectava” e distribuía a informação, fazia escoar a produção das distribuidoras, etc.
A partir dos anos noventa o hardcore em São Paulo começou a se dividir em nichos ou micro-cenas (ex: hardcore straight edge, hardcore melódico, etc). Você encara isso de modo positivo ou negativo?
Uma coisa que não podemos nos deixar levar é de que o hardcore seria uma coisa homogênea e harmônica. As contradições e diferenças das pessoas sempre estiveram presentes e querendo ou não, as pessoas se conectam mais ou menos em redes de afinidade. De certa forma isso sempre existiu, mas acho que durante um tempo, existia a necessidade por parte das pessoas da cidade de São Paulo, entrarem em contato com pessoas, se agruparem com gostava desse tipo de música e idéias, mas que não queriam se vincular ao ganguismo dos punks da antiga. A geração que viveu os anos 90 soube muito bem o que era ser intimado por usar uma camiseta do Misfits ou Ramones, e daí quando se encontrava com alguém que compartilhava das mesmas idéias, ou que gostasse de um som parecido era quase como acertar na loteria. Como o número de pessoas gradativamente aumentou, isso também ficou mais visível. Eu não acho nem bom nem ruim, lembro de shows muito legais de bandas muito diferentes, com pessoas muito diferentes e concepções sobre o hardcore-punk mais diferentes ainda... Faz parte do processo histórico de qualquer movimento social jovem, as pessoas são autônomas, respondem as próprias vontades, elas podem perder o interesse, ou mudar as idéias, ou se agrupar mais com quem pense como você e daí por diante...
Para finalizar faça uma breve análise comparativa entre a cena paulistana hardcore dos anos 90 e dos 00.
Eu acredito que nunca mais surgirá uma geração como a dos 90, assim como a dos anos 2000 também tem suas especificidades. O mais gritante é o acesso a informação, se nos anos 90, até existia, nos 2000 ela ganha dimensões estratosféricas com a popularização da Internet. Isso acarreta suas conseqüências também, se micro-cenas surgiram nos anos 90, devido a grupos de afinidade, tretas ou que seja. Dos anos 2000 para cá o público tem acesso e é bombardeado com informação que parece não dar tempo nem de se analisar, o que é legal ou não. Antes você escrevia uma carta para uma banda, o cara lhe mandava a demo e você passava a semana ouvindo isso no walkman. Hoje existe myspace, rapidshare, ipod... a vida ficou mais fácil, mas também privilegiou o domínio da imagem. A autenticidade dos anos 90 era uma mistura de ineficácia técnica, falta de referência e força de vontade que gerou tantas bandas legais, como No Violence, Againe, IML, Garage Fuzz, Abuso Sonoro, Rot, Ação Direta, Self Conviction, Kangaroos in Tilt, Point of no Return, Dominatrix entre tantas outras... Por outro lado, hoje a molecada tem acesso ao pacote completo , baixa a discografia, o visual, vê o vídeo da performance no youtube e por isso temos bandas genéricas aqui, na Eslovênia, na Austrália ou no Japão. Sem querer ser amargo, o excesso de referência matou um pouco da originalidade e espontaneidade. A galera que descende mais do hardcore melódico também é exposta a um universo mais da música comercial, entrando em contato com empresários, e um aparato de mídia que nunca imaginei ter contato... Mas cada geração com seus problemas, não quero soar velho e chato, isso é o que veio de imediato para comparar. Cada momento tem seus dilemas e vivências e longe de mim querer comparar.
http://zinismo.blogspot.com/
http://www.hardcore-memoria.blogspot.com/
HARDCORE 90 – UMA HISTÓRIA ORAL – É o nome temporário do documentário que está em processo de produção e que começou com um trabalho de mestrado feito pelo historiador Marcelo Fonseca. Esse processo pode ser acompanhando em tempo quase real através do blog onde são postadas as novidades. As entrevistas em vídeo podem ser conferidas através do canal do Youtube. Pode-se notar através destas entrevistas que algumas palavras surgem e se repetem em diversas falas, indicando alguns marcadores importantes para o delineamento da cena hardcore (principalmente, mas não só de São Paulo) como o movimento punk, juventude libertária, straight edge, a influência do skate e de algumas casas de show como o Black Jack e o Der Tempel. Interessante notar que muitas das entrevistas dão sequência aos eventos mostrados no documentário sobre o punk brasileiro (Botinada), permitindo uma visão muito peculiar sobre a cena punk/hardcore das duas décadas (anos 80 e 90).
ZINISMO: Em que pé está a produção e para quando você prevê a finalização do documentário?
MARCELO FONSECA: Em outubro completamos 1 ano de produção. Foi um período muito bom, por poder sentir como é se meter a fazer algo do tipo (coisa que eu nunca tinha feito até então). Legal rever amigos, conhecer amigos de amigos e ir sentindo a reação dos entrevistados, e das pessoas que tem apoiado o projeto. A idéia é fazer por volta de 100 entrevistas, nesta semana vamos gravar a número 38. Tem muito a se fazer ainda, digitalizar material de época, vhs, hi8, fotografias, fanzines, capas de disco, pessoas para encontrar... Detalhe que a equipe do documentário é praticamente de 2 pessoas, eu e o Fernando Alves que me ajuda filmando. Tudo é custeado por nós dois, mesmo que algumas pessoas já nos ajudaram por um tempo. Eu tinha a ambição de fechar o filme mais ou menos junto com o meu mestrado (História Social na PUC-SP) em 2011, que é quando eu tenho de defender a dissertação. Mas não vai rolar, além de tudo eu também trabalho, então uma previsão mais próxima da realidade, com tudo que quero fazer, aumenta o tempo em mais um ano, ou seja, comecinho de 2012.
Fale um pouco sobre o papel dos fanzines na cena hardcore dos anos 90:
Fundamental. Aliás, sempre teve, independente da cena ou das idéias que estavam presentes. Já na década de 80, eram os fanzines punks que tentavam politizar o movimento, cobrando o fim da violência das gangues. É um veículo que não minha opinião é a expressão máxima do “faça-você- mesmo”, e importante, pois todo meio social precisa ter comunicação. Uma só pessoa podia escrever, desenhar, xerocar, distribuir, da forma que quisesse, como e para quem lhe desse na telha. Na década de 90, a internet engatinhava, e os fanzines, amparados por uma rede gigante de correspondências que não era restrita somente o Brasil, “conectava” e distribuía a informação, fazia escoar a produção das distribuidoras, etc.
A partir dos anos noventa o hardcore em São Paulo começou a se dividir em nichos ou micro-cenas (ex: hardcore straight edge, hardcore melódico, etc). Você encara isso de modo positivo ou negativo?
Uma coisa que não podemos nos deixar levar é de que o hardcore seria uma coisa homogênea e harmônica. As contradições e diferenças das pessoas sempre estiveram presentes e querendo ou não, as pessoas se conectam mais ou menos em redes de afinidade. De certa forma isso sempre existiu, mas acho que durante um tempo, existia a necessidade por parte das pessoas da cidade de São Paulo, entrarem em contato com pessoas, se agruparem com gostava desse tipo de música e idéias, mas que não queriam se vincular ao ganguismo dos punks da antiga. A geração que viveu os anos 90 soube muito bem o que era ser intimado por usar uma camiseta do Misfits ou Ramones, e daí quando se encontrava com alguém que compartilhava das mesmas idéias, ou que gostasse de um som parecido era quase como acertar na loteria. Como o número de pessoas gradativamente aumentou, isso também ficou mais visível. Eu não acho nem bom nem ruim, lembro de shows muito legais de bandas muito diferentes, com pessoas muito diferentes e concepções sobre o hardcore-punk mais diferentes ainda... Faz parte do processo histórico de qualquer movimento social jovem, as pessoas são autônomas, respondem as próprias vontades, elas podem perder o interesse, ou mudar as idéias, ou se agrupar mais com quem pense como você e daí por diante...
Para finalizar faça uma breve análise comparativa entre a cena paulistana hardcore dos anos 90 e dos 00.
Eu acredito que nunca mais surgirá uma geração como a dos 90, assim como a dos anos 2000 também tem suas especificidades. O mais gritante é o acesso a informação, se nos anos 90, até existia, nos 2000 ela ganha dimensões estratosféricas com a popularização da Internet. Isso acarreta suas conseqüências também, se micro-cenas surgiram nos anos 90, devido a grupos de afinidade, tretas ou que seja. Dos anos 2000 para cá o público tem acesso e é bombardeado com informação que parece não dar tempo nem de se analisar, o que é legal ou não. Antes você escrevia uma carta para uma banda, o cara lhe mandava a demo e você passava a semana ouvindo isso no walkman. Hoje existe myspace, rapidshare, ipod... a vida ficou mais fácil, mas também privilegiou o domínio da imagem. A autenticidade dos anos 90 era uma mistura de ineficácia técnica, falta de referência e força de vontade que gerou tantas bandas legais, como No Violence, Againe, IML, Garage Fuzz, Abuso Sonoro, Rot, Ação Direta, Self Conviction, Kangaroos in Tilt, Point of no Return, Dominatrix entre tantas outras... Por outro lado, hoje a molecada tem acesso ao pacote completo , baixa a discografia, o visual, vê o vídeo da performance no youtube e por isso temos bandas genéricas aqui, na Eslovênia, na Austrália ou no Japão. Sem querer ser amargo, o excesso de referência matou um pouco da originalidade e espontaneidade. A galera que descende mais do hardcore melódico também é exposta a um universo mais da música comercial, entrando em contato com empresários, e um aparato de mídia que nunca imaginei ter contato... Mas cada geração com seus problemas, não quero soar velho e chato, isso é o que veio de imediato para comparar. Cada momento tem seus dilemas e vivências e longe de mim querer comparar.
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sábado, 22 de maio de 2010
Data Folha se ajusta à realidade - Por Eduardo Guimarães
Eduardo Guimarães, do imprescindível Cidadania.Com
A nova sondagem de intenções de voto do instituto de pesquisas do jornal Folha de São Paulo, o Datafolha, prova várias coisas e gera a necessidade de este instituto se explicar, bem como o jornal, pois a pesquisa mostra que Datafolha e Ibope sempre estiveram errados ao tentarem várias vezes, desde o início do ano, “abrir a boca do jacaré”.
Os reiterados “erros” de Ibope e Datafolha neste ano ficam claros no gráfico abaixo.
Notem que os distúrbios na linha de tempo formada pelas datas das pesquisas dos quatro institutos objetos da representação do Movimento dos Sem Mídia à Justiça Eleitoral aconteceram sempre por ação do Datafolha e do Ibope, que acabam sempre tendo que se ajustar ao Vox Populi e ao Sensus.
Desta maneira, torna-se hilária a explicação previsível que a Folha de São Paulo deu para a pesquisa que publica neste sábado, que mostra empate literal de Dilma e Serra (ambos com 37%).Dizer que tal resultado se deve ao programa eleitoral do PT, à luz do gráfico acima se torna completamente sem sentido.
Todas as suspeições que a Folha, o resto da grande mídia, os “espertíssimos” analistas midiáticos e esse bando de lunáticos que freqüenta blogs de Esgoto e da mídia corporativa levantaram sobre o Vox Populi e o Sensus, e agora fica claro quem tinha razão.
Ou alguém acha que um único programa eleitoral rendeu a Dilma superação de uma diferença de 12 pontos que a separava de Serra no último Datafolha ? Ou alguém nega que Datafolha e Ibope sempre têm que ir ajustando as margens do tucano e da petista para baixo e para cima, respectivamente, acompanhando os institutos concorrentes?
Fica cada vez mais claro o indício de que as pesquisas Datafolha e Ibope podem ter sofrido manipulações antes e que, inclusive, podem estar sofrendo manipulação agora, porque os outros institutos mostram que Dilma já passou Serra, de maneira que o Datafolha pode estar “errando” de novo, através da providencial “margem de erro”.
O pais, a Justiça Eleitoral e a Polícia Federal aguardam, ansiosamente, as explicações do Datafolha, que terão que ser dadas cedo ou tarde.
Data Folha se ajusta à realidade
Fonte: http://www.estadoanarquista.org/blog/
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