terça-feira, 23 de março de 2010

[EUA] "Nunca aceitaremos este reino de terror” - ANA


[EUA] "Nunca aceitaremos este reino de terror”

(A frase do título foi expressa por Ramona África durante o Fórum Internacional de apoio a Mumia Abu-Jamal, que aconteceu na Filadélfia, em 13 de fevereiro passado. Clique no link abaixo para ver o vídeo da vibrante fala desta veterana ativista do MOVE, organização negra que surgiu em 1972 com uma filosofia naturalista, da qual Mumia faz parte.)

Fala de introdução, Orie Lumumba:
É impossível continuar sem falar sobre questões políticas, porque o caso de Mumia abrange tudo isso: a pena de morte, a brutalidade policial, prisão como complexo industrial, e os presos políticos. É precisamente porque ele levantou a voz sobre estas questões que Mumia foi transformado em alvo. E é por isso que ele se tornou "a voz dos sem voz". Quando lutamos por Mumia, estamos lutando sobre estas questões, porque elas estão relacionadas com o caso do irmão Mumia.

Agora vamos falar da brutalidade policial. Quero apresentar a primeira oradora que falará sobre o tema. Esta irmã é a única sobrevivente do ataque contra o MOVE em 13 de maio de 1985. Ela foi presa política do MOVE. Passou 7 anos na prisão. O seu único crime era sobreviver ao que este governo fez ao MOVE em 13 de maio de 1985. Apresento-vos a irmã Ramona África.

Fala de Ramona África:
A MOVErnos! Viva a revolução!

É o que é necessário aqui. É o que falta no presente. A revolução!

Não existe uma solução fácil e rápida, que surja do dia para a noite, para o abuso e terrorismo policial, para os assassinatos policiais.

A solução deve vir de nós. Poderíamos fazer uma longa lista de pessoas assassinadas e aterrorizadas pela polícia.

Enquanto houver polícia, haverá abuso policial, terrorismo policial, brutalidade policial.

A posição da organização MOVE é que se você quiser pôr termo a isto tudo, se quiser terminar a brutalidade policial e os abusos e pôr fim ao reinado de terror policial, temos de eliminar a mentalidade que motiva as pessoas a ser polícia, porque não é uma situação de algumas maçãs podres. Que ridículo! Se fosse a situação de algumas maçãs podres, eu quero saber onde estavam as maçãs boas quando todas estas coisas aconteceram? Quando assassinaram a balas a minha família, quando mataram Sean Bell, quando mataram Amadeu Diallo, quando mataram José Reyes, Nelson Artise e William Green aqui na Filadélfia. Onde estão as maçãs boas?

Repare que nós somos os nossos próprios salvadores. Não existe um salvador lá fora que virá e agitará a sua varinha mágica e fazer com que tudo dê certo para todos e todas. Não existe um salvador. Nós somos os nossos próprios salvadores!

E temos de deixar claro que nós não aceitamos, nós não toleramos o terrorismo que nos foi imposto ao longo de nossa vida e muito antes.

Para fazer isso, temos de falar a sério, porque se não o fizermos, como podemos esperar que os terroristas nos levem a sério?

Agora, eu não quero pregar aos convertidos, porque eu sei que vocês têm sido ativistas durante anos. Eu entendo isso muito bem. Mas devo reiterar que não podemos depender de ninguém para resolver este problema. Temos de fazê-lo nós mesmos e mesmas. Temos que levar isso a sério. Nós temos que priorizar.

O governo lançou uma bomba sobre mim e minha família sem nenhum motivo. Ele matou a minha família. Crianças queimadas vivas. E ninguém, nem mesmo um único funcionário, foi processado por isso. Mas as prisões estão superlotadas de gente acusada por estes mesmos oficiais de serem assassinos. Ou rotulados como assassinos.

Há algo de errado com este quadro. E a nós cabe alterá-lo.

Saliento que MOVE nunca vai aceitar que as nossas famílias, o nosso irmão Mumia Abu-Jamal, o nosso irmão Leonard Peltier, a nossa irmã Marilyn Buck e outros com consciência revolucionária sejam classificados como criminosos e assassinos, enquanto aos verdadeiros criminosos lhes pagam um bom salário para o seu cargo público. Para o MOVE, isso é intolerável e deve ser intolerável para todos e todas nós.

Para concluir - avisaram-me que terminou o tempo - direi: Levem isto a sério. Devemos levar a sério. Agirmos. Mantermo-nos em ação. E claro que nós, como nunca um povo poderá aceitar, nós não podemos aceitar este reinado de terror, e deveremos comprometer-nos para acabar com ele, custe o que custar.

Viva John África! Viva a revolução!

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=dLdqXNc0DFQ&feature=player_embedded

MOVE: http://www.onamove.com/

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana
Nas frestas das árvores
o sol, a névoa, a poeira —
novo amanhecer

Marba Furtado

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