segunda-feira, 29 de março de 2010

[Israel/Palestina] Sete anos de resistência: "Anarquistas Contra o Muro" - ANA

[Israel/Palestina] Sete anos de resistência: "Anarquistas Contra o Muro"

Anarquistas Contra o Muro (ACM) é um grupo de ação direta formado em 2003 em resposta à construção do muro que Israel está construindo em território palestino na zona ocupada da Cisjordânia. O coletivo trabalha em cooperação com ativistas palestinos numa luta comum e popular contra a ocupação. Desde a sua formação, o grupo participou em centenas de manifestações e ações diretas contra o muro, em particular, e na ocupação em geral, na Cisjordânia. Todo o trabalho do coletivo na Palestina está coordenado através de comitês populares locais de comunidades palestinas.

Breve história
Em abril de 2003, três anos antes da segunda Intifada, um pequeno grupo composto majoritariamente por ativistas anarquistas israelitas que já realizava trabalho político no território ocupado, formou o Anarquistas Contra o Muro. O grupo foi criado num acampamento de protesto, na aldeia de Mas'ha, onde o muro estava sendo construído, deixando 96% da aldeia do lado israelita. O campo, composto por ativistas da Palestina, Israel e de todo o mundo, consistia em duas tendas instaladas no terreno da aldeia que se pretendia confiscar. Durante quatro meses manteve-se uma presença constante por parte dos ativistas. Ao longo deste tempo o acampamento tornou-se um centro de difusão de informações e uma base para decisões a partir da democracia direta. Numerosas ações diretas relacionadas com o muro foram planejadas e preparadas ali, tal como a ação direta de 28 de julho de 2003 na cidade de Anin. Nesta ação, os ativistas conseguiram manter aberta uma entrada através do muro apesar de serem atacados pelo exército.

Mais tarde, em agosto de 2003, com o muro ao redor de Mas'ha quase completo, o acampamento mudou-se para o terreno atrás de uma casa prevista para demolição. Depois de dois dias de bloqueio aos bulldozers e de detenções massivas, as casas foram demolidas e o acampamento terminou, mas não o espírito da resistência que ele simbolizava.

Em 2004, o povoado de Budrus começou a luta contra o muro e o coletivo ACM juntou-se a eles nas suas manifestações diarias. Através da sua persistência na mobilização da comunidade, da sua luta e resistência popular, o povoado de Budrus obteve significativas vitórias. Sem o recurso dos tribunais de Israel, utilizando somente a resistência popular, a aldeia conseguiu impor o recuo do muro, quase completamente para fora da sua terra. O sucesso de Budrus inspirou muitas outras comunidades na construção de uma resistência popular, o que representa talvez um êxito ainda maior. Durante boa parte do ano, ACM esteve presente em quase todas as comunidades em luta contra o muro que as atravessava e que requeriam a sua participação.

Mais recentemente, as suas ações centraram-se em volta de Bil'in, noroeste de Ramallah, onde a maior parte da terra de produção agrícola será confiscada pelo muro e pela expansão dos assentamentos.

O papel do grupo ACM na luta
A simples presença de israelitas em ações de civis palestinos representa para eles algum grau de proteção contra a violência do exército. O código de conduta do exército israelita é significativamente diferente quando há israelitas presentes e a violência, ainda que severa, é consideravelmente menor. Embora muitos ativistas israelitas tenham sido feridos em manifestações, alguns com gravidade, é sempre o povo palestino quem paga mais caro. Até hoje, 18 manifestantes palestinos foram mortos em ações contra o muro e milhares foram feridos.

O exército e o governo de Israel tentam travar a resistência popular palestina usando todas as formas possíveis de repressão, para deste modo prevenir a incorporação de ativistas israelitas numa luta comum. No decurso dos últimos anos, ativistas do grupo ACM foram presos centenas de vezes e dezenas de acusações foram contra si iniciadas. A repressão legal exercida pelas autoridades israelitas é uma frente adicional para minar e destruir a resistência. Para conseguir manter os e as ativistas fora das prisões e continuar a luta, ACM estão a fazer frente a crescentes gastos legais para a sua defesa nos tribunais israelitas. O custo devido à defesa legal supera já os US$ 60.000 dólares e continua a aumentar.

Financiamento
O grupo ACM conta apenas com os donativos das pessoas de todo o mundo que queiram que continuemos a apoiar a luta palestina pela liberdade.

Sítio do grupo Anarquistas Contra o Muro: http://www.awalls.org/

Sobre a luta em Bil'in, fotos em: http://www.activestills.org/

Tradução > Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

Atravessa o céu
o arco íris, no belo vale
pra morrer na serra.
Conceicão Chaves

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